Um estudo recente publicado no The Journal of The Alzheimer’s Association, com participação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), analisou as interações entre o hormônio irisina e a molécula lipoxina A4 no cérebro de pacientes com depressão.
A depressão é comum em adultos da terceira idade, sendo classificada tanto como uma comorbidade quanto um fator de risco para a demência. A irisina é um hormônio induzido pelo exercício físico envolvido na função cerebral, enquanto a lipoxina A4 atua como mediador lipídico com ação anti-inflamatória.
Liderado pela Dra. Fernanda De Felice, pesquisadora do IDOR e da Queen’s University, no Canadá, o atual estudo é continuação de outra pesquisa da cientista, que foi reconhecida no ano passado com o Prêmio Inge Grundke-Iqbal na Pesquisa de Alzheimer pela Associação de Alzheimer do Estados Unidos (EUA).
Em investigações anteriores, a Dra. Fernanda de Felice e seu time já observavam que os níveis de irisina se apresentavam reduzidos tanto no cérebro quanto no líquor cefalorraquidiano (LCR) – fluido presente em todo o sistema nervoso – de pacientes com Alzheimer e em modelos animais. Esse achado sugeriu que o aumento de irisina poderia auxiliar na capacidade de adaptação das sinapses neuronais e na memória, protegendo o cérebro frente ao envelhecimento.
Outros estudos também demonstraram que em doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer, são encontrados níveis reduzidos de irisina e de lipoxina A4 em amostras sanguíneas dos pacientes. Além disso, já é bem descrito que o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, do inglês brain-derived neurotrophic factor) é uma proteína que atua na manutenção e sobrevivência dos neurônios, principalmente na região cerebral do hipocampo, envolvida com o aprendizado e a memória. Também já é estabelecido que a irisina estimula a produção de BDNF.
Levando isso em consideração, no atual estudo, a equipe de De Felice decidiu investigar o LCR de idosos com ou sem depressão. A avaliação apontou que há uma redução significativa de irisina, BDNF e lipoxina A4 no grupo de pessoas com depressão. Além disso, também foi revelado que a irisina presente no LCR estava diretamente relacionada à lipoxina A4 e ao BDNF nas amostras estudadas.
Os autores informam que são necessários mais estudos para melhor analisarem a redução de irisina e lipoxina A4 no LCR de pacientes com depressão associada à demência. A identificação dessas relações moleculares entre a depressão e a demência podem atuar como meios de tratamento e atender às necessidades dos pacientes de ambas as doenças.
Sobre o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR)
Com mais de uma década de atividade, o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) é uma organização sem fins lucrativos que tem por objetivo promover o avanço científico, qualificação, disseminação do saber e a inovação na área de saúde. O IDOR vem desenvolvendo pesquisas de fronteira voltadas tanto para ciência aplicada – com impacto clínico direto a curto prazo – quanto para a ciência fundamental, que busca o conhecimento mais profundo sobre os mecanismos biológicos, fisiológicos e patológicos.
A importância de aproximar a ciência básica da clínica foi evidenciada nas pesquisas envolvendo o vírus Zika, nas quais o IDOR ganhou destaque internacional com publicações na prestigiada revista Science, e no projeto Ciência IDOR Contra a Covid, iniciado em 2020 com a pandemia de Covid-19 e investimentos que superaram US$ 5 milhões. O programa “Ciência IDOR Contra a COVID” engajou boa parte dos pesquisadores do IDOR e centenas de profissionais de saúde da Rede D’Or São Luiz para atuar em dez linhas de pesquisa com potencial de contribuir para o enfrentamento da doença. Até o momento foram publicados mais de 140 artigos científicos sobre o tema em periódicos de reconhecimento internacional, além de outras iniciativas como um aplicativo para análise geoespacial da infecção pela doença (o Dados do Bem) e uma plataforma on-line gratuita com informações sobre autoconhecimento e saúde mental formuladas por especialistas do IDOR – o Portal IDOR de Saúde Mental.
Fonte: Assessoria de Imprensa