No frio, o risco de infarto aumenta de 30% a 45%, segundo o cirurgião cardiovascular José de Lima Oliveira Junior, do Incor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
No Brasil, a porcentagem é de aproximadamente 40%, de acordo com o médico. Isso porque as quedas de temperatura são muito bruscas no inverno em países tropicais. “Temos um verão muito quente e nosso corpo acaba se acostumando com o calor. Quando as temperaturas caem, nosso organismo estranha e tem que se adaptar”, afirma.
O cardiologista explica que, no frio, nosso sangue fica mais concentrado e tendemos a ingerir menos líquido. Ao mesmo tempo, perdemos muito líquido sem perceber, porque nosso organismo trabalha incessantemente para manter a temperatura do corpo entre 36ºC e 36,7ºC. “A combinação desses fatores facilita a formação de trombos que podem obstruir as artérias”, diz.
Para manter a temperatura corpórea ideal, o organismo também libera sustâncias vasoconstritoras, como adrenalina e cortisol, que elevam a frequência cardíaca e a pressão arterial.
Por isso, o médico sugere que as pessoas se hidratem bastante durante o inverno, levantem com calma da cama ao acordar e, antes de praticarem atividades físicas, comam alimentos ricos em calorias, se alonguem e façam aquecimento. “Dessa forma, a temperatura do corpo vai subir progressivamente”, explica.
Os exercícios físicos e a alimentação balanceada são aliados da saúde, garante Oliveira Júnior. “Ao se exercitar, o corpo libera substâncias, como o óxido nítrico, que causam vasodilatação e, consequentemente, a redução da pressão arterial”, destaca.
Entre 2003 e 2013, 3.076 pessoas morreram de infarto agudo do miocárdio em Ribeirão Preto, sendo 1.818 homens e 1.258 mulheres. Os dados são do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde).
Sintomas
O médico alerta que uma pessoa que está com suspeita de infarto precisa de socorro imediato. “A pessoa pode sentir uma dor muito forte no peito, ter náusea, vomitar, suar frio e sentir dor abdominal e ter diarreia.”
Hipertenso e diabético têm mais chance
Pessoas que sofrem de hipertensão, que têm diabetes, que são sedentárias ou que fumam correm mais risco de enfartar.
O aposentado Ricardo Antônio Conte, 63 anos, fumava um maço de cigarros por dia quando enfartou, em novembro de 2009.
“Comigo foi diferente. Não senti dor nenhuma, mas suava frio. Liguei para a minha irmã, que é cardiologista e fui para o hospital. Lá fiz um eletrocardiograma e detectaram que eu tinha tido um infarto”, conta.
Fumo
Ricardo foi submetido a um cateterismo e a uma angioplastia e parou de fumar. “Também tomo vários remédios. Minha sorte foi ter uma irmã cardiologista. Todo mundo diz que santo de casa não faz milagre, mas, dessa vez, fez”, comenta bem-humorado.
Quem fuma deve diminuir o consumo de cigarros no inverno, alerta Oliveira Junior. “O cigarro aumenta a frequência cardíaca e a pressão arterial”, ressalta.
Fonte: CBN Ribeirão