A cloroquina, descoberta durante a primeira guerra mundial para o tratamento da malária, é também um dos pilares do tratamento de uma doença crônica e autoimune chamada Lúpus Eritematoso Sistêmico. Com a corrida desenfreada às farmácias para compra da Hidroxicloroquina, derivado da cloroquina, as pessoas com Lúpus tiveram enorme dificuldade em conseguir a medicação.
Segundo a reumatologista e professora universitária, Ana Luisa Pedreira, com a divulgação dos efeitos colaterais graves do tratamento com Hidroxicloroquina para pacientes com Covid-19, como arritmias cardíacas, parte das pessoas que já usavam esse remédio há anos, ficaram com medo de manter o uso e ter efeitos semelhantes, interrompendo por conta própria o tratamento.
“No entanto, nós reumatologistas com ampla experiência em prescrever essa medicação, sabemos que nas doses certas e para pacientes estáveis, este é um medicamento extremamente seguro. Isso não quer dizer que deve ser usado de maneira indiscriminada”, pondera a reumatologista.
Outra dúvida surgida durante a pandemia foi a de que pessoas que já usavam o medicamento para o tratamento do Lúpus estariam protegidos da Covid-19. “Infelizmente alguns pacientes reduziram as medidas restritivas pois acreditavam estar protegidos na pandemia, o que não se mostrou verdadeiro nos estudos publicados” diz a especialista.
Ela completa afirmando que milhares de vidas lúpicas foram impactadas pelo uso desenfreado e incorreto da hidroxicloroquina e em muitas cidades brasileiras, a sua distribuição pelo SUS continua escassa até hoje, maio de 2021. Lupus afeta principalmente mulheres jovens e compreende desde alterações da pele e articulações até quadros graves como insuficiência renal e óbito.
Maio Roxo
O mês de maio é dedicado ao enfoque ao Lúpus Eritematoso Sistêmico e outras doenças reumáticas e na Bahia, segundo a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), 7.458 pessoas foram internadas em todo o estado, entre 2014 e 2016, afetadas pela doença. O Lúpus ocorre quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo e ainda não se sabe exatamente o que causa esse comportamento anormal.
Porém naquelas pessoas que tem predisposição genética à doença, ela pode ser desencadeada por fatores hormonais e ambientais, como a luz solar. A doença é mais comum em mulheres entre 15 e 40 anos, apesar de poder surgir em todas as idades, sobretudo em pessoas de ascendência africana. Além disso, o Lúpus é uma doença crônica que tem um impacto profundo na vida dos pacientes, podendo levar até 6 anos para confirmação do diagnóstico; e o tratamento não deve ser interrompido, de forma alguma.
Fonte: A Tarde Uol.