Pesquisadores do Centro Acadêmico de Odontologia de Amsterdã, na Holanda, avaliaram a associação entre os micróbios da boca, bem como a saúde das gengivas, e a artrite reumatoide precoce.
O estudo foi publicado na última quinta (6/5) na revista científica Arthritis & Rheumatology.
Há tempos os cientistas especulam se as doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, poderiam ser desencadeadas ou causadas por micro-organismos.
Pesquisadores estão cientes da ligação entre doença periodontal, alterações no microbioma oral e intestinal e a inflamação crônica das articulações.
No novo estudo, foram analisadas as bactérias da boca e a condição periodontal de 50 pessoas, divididas em três grupos: o primeiro tinha diagnóstico de artrite reumatoide precoce; o segundo grupo incluía pessoas com risco de artrite reumatoide; já as pessoas do terceiro grupo não tinham a doença nem corriam risco de desenvolvê-la (também não possuíam outras doenças autoimunes).
Entenda o estudo sobre artrite e bactérias
Os cientistas do Centro Acadêmico de Odontologia de Amsterdã examinaram a condição periodontal de cada participante, especialmente se as gengivas sangravam, e também quantos dentes cada um tinha, quantos faltavam, se havia cárie ou obturação e se alguém usava dentadura.
Eles também perguntaram aos voluntários sobre a última vez que escovaram os dentes e como era a higiene bucal.
Além disso, os pesquisadores holandeses coletaram amostras da saburra (visco que fica sobre a língua), saliva e placa dentária abaixo da gengiva.
Com o material em mãos, os cientistas coletaram, analisaram e quantificaram as populações microbianas. Eles então compararam as diferenças entre os micro-organismos dos três grupos.
Não foram identificadas diferenças nas condições periodontais entre os participantes. Também não houve diferença nas amostras de placa dentária.
No entanto, existiam diferenças entre a saliva e a saburra lingual dos voluntários com artrite reumatoide precoce e com risco da doença em comparação com o grupo de controle.
Os níveis de bactérias pertencentes aos gêneros Prevotella e Veillonella foram maiores em amostras de saliva de pessoas com a artrite precoce e com o risco de desenvolver a inflamação nas articulações em comparação com o grupo de controle. Os níveis da Veillonella também foram mais elevados na saburra dos participantes com artrite reumatoide do que nos do grupo de controle.
De acordo com os autores, esses achados sugerem uma possível ligação entre os micróbios da boca e a artrite reumatoide. Além disso, as bactérias Prevotella e Veillonella, bem como outras já relatadas, poderiam ajudar a desencadear respostas imunológicas que influenciam o desenvolvimento da doença autoimune que afeta as articulações.
Ainda assim, os cientistas alertam que, para confirmar as descobertas, são necessários novos estudos para coletar mais dados durante um maior período de tempo, com grandes grupos de pessoas e métodos de coleta consistentes.
Fonte: Brasil 247.