A Comissão de Centros de Terapia Assistida (CCTA) da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) elaborou um guia com diretrizes para os Serviços de Terapia Assistida, buscando a segurança para pacientes e equipe de saúde envolvidos na prestação da assistência sem prejuízo ao controle clínico das doenças reumáticas. Leia abaixo a íntegra do arquivo.
COVID-19: Plano de Enfrentamento para Serviços de Terapia Assistida
Comissão de Centros de Terapia Assistida da Sociedade Brasileira de Reumatologia
APRESENTAÇÃO
Criada em 2012, a Comissão de Centros de Terapia Assistida (CCTA) da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) vem atuando no sentido de garantir qualidade e padronização deste tipo de prestação de serviços pelo Reumatologista no âmbito do SUS e da Saúde Suplementar. Desta atuação resultou a criação do Manual de Certificação por Distinção em Terapia Infusional Assistida, publicado em 2017 e que permitiu que normas de boas práticas fossem padronizadas nos centros acreditados. Neste contexto, nos vemos agora frente a uma pandemia por coronavírus (COVID-19), que afeta diretamente a assistência oferecida aos pacientes reumáticos. Embasados nas informações até aqui disponibilizadas, a CCTA elaborou este guia que deverá nortear as ações dos centros em funcionamento, buscando a segurança para pacientes e equipe de saúde envolvidos na prestação da assistência sem prejuízo ao controle clínico das doenças reumáticas.
PROPÓSITO DO PLANO
É propósito deste plano de enfrentamento recomendar diretrizes para os Serviços de Terapia Assistida, conforme diretrizes e normativas da esfera nacional, de modo a minimizar o impacto de uma possível entrada do vírus no contexto desses Serviços, mediante articulação de ações de orientações para prevenção e manejo de casos suspeitos do COVID-19, primando pela resposta oportuna, avaliação de risco e adoção de medidas pertinentes. O Plano estabelece orientações de natureza técnica e operacional relativas ao público alvo (pacientes, acompanhantes e profissionais de saúde).
A MELHOR ESTRATÉGIA É A PREVENÇÃO
A maioria das pessoas infectadas com COVID-19 apresenta sintomas leves e se recupera sem tratamento específico. No entanto, alguns podem apresentar uma evolução mais grave, que exigem cuidados hospitalares. O risco de evoluir para uma doença mais grave aumenta com a idade, principalmente acima de 60 anos, e quando há condições associadas como diabetes, doenças cardíacas e pulmonares crônicas.
Evitar a exposição é a maneira mais efetiva de desacelerar a propagação do vírus. Seguir as orientações disponibilizadas pela OMS – Organização Mundial de Saúde, pelo MS – Ministério da Saúde e pelas autoridades públicas Estaduais e Municipais da sua região contribuirá para a segurança de todas as pessoas, inclusive aquelas com imunossupressão.
Os cuidados pessoais indicados como forma de prevenção e propagação de vírus respiratórios, são:
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão, por pelo menos 20 segundos. Na ausência de água e sabão, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool 70%.
- Evitar tocar os olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar o contato próximo e direto com pessoas doentes, em particular com infecção respiratória.
- Evitar sair à rua, ir ao trabalho ou à escola. Isolamento social é a regra.
- Cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel para tossir ou espirrar (nunca usar as mãos), jogando o papel no lixo, ou usar a dobra do braço para tossir ou espirrar, evitando a dispersão de gotículas no ambiente.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com frequência, principalmente quando sintomático.
O COVID-19 EM RELAÇÃO A PACIENTES QUE FAZEM USO DE MEDICAMENTOS
SITUAÇÕES GERAIS:
Não existe nenhuma evidência de que interromper o imunossupressor/imunobiológico gere qualquer efeito protetor contra a infecção pelo SARS-CoV-2. No entanto, em pacientes idosos, tabagistas ou com algum tipo de comorbidade (doença intersticial pulmonar, diabetes, hepatite B, DPOC, doença renal crônica e neoplasia), a interrupção preventiva pode ser avaliada pelo médico assistente nos locais onde a transmissão sustentada está ocorrendo, tendo em vista ser este tipo de paciente o de maior risco para qualquer infecção.
ORIENTAÇÕES PARA PACIENTES COM MEDICAMENTOS DE USO CONTÍNUO
Recomendamos considerar as diretrizes disponibilizadas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia.
ORIENTAÇÕES PARA PACIENTES
Entrar em contato com o Serviço de Terapia Assistida para informar se apresenta sintomas gripais. Caso o Serviço de Terapia Assistida não entre em contato com o paciente.
Buscar informações sobre as condições do seu agendamento, através dos canais de comunicação disponibilizados pelo Serviço de Terapia Assistida.
Evitar ir acompanhado ao Serviço de Terapia Assistida, e quando inevitável, que o acompanhante esteja livre de sintomas gripais.
Recomendar a vacinação para Gripe/2020.
ORIENTAÇÕES AOS PROFISSIONAIS DOS SERVIÇOS DE TERAPIA ASSISTIDA:
EQUIPE DE AGENDAMENTO:
Realizar contato prévio com TODOS os pacientes agendados e seguir roteiro de perguntas sobre sintomas gripais. Na suspeita, orientar ligar para o médico assistente e não ir à clínica.
Estimular, ao máximo, que consultas de seguimento e retorno sejam realizadas por meio remoto (telefone, whatsapp, Skype, etc..).
Reforçar informações sobre os canais de comunicação disponíveis ao paciente (redes sociais, telefone, aplicativos de mensagens) para reafirmar que eles podem e devem contar com o apoio e orientações do Serviço.
Considerar o tempo mínimo de 10 minutos entre cada agendamento.
Solicitar aos pacientes que cumpram horário agendado, evitando chegar antes a fim de
reduzir aglomerações.
EQUIPES DE ATENDIMENTO/RECEPÇÃO
Suspender visitas de representantes comerciais, substituir por via remota.
Questionar se o paciente apresenta sintomas gripais (febre, tosse, coriza e falta de ar). Caso afirmativo, a recepcionista deverá entregar uma máscara ao paciente e informar o médico, que seguirá o fluxo de atendimento prioritário.
Se possível, aferir a temperatura antes da admissão do paciente (termômetro digital laser infravermelho).
Disponibilizar recursos, orientar para adequada higienização das mãos de pacientes e equipe de atendimento.
Aumentar espaçamento entre as cadeiras do ambiente de espera da recepção.
Nos Serviços de Terapia Assistida com impossibilidade de contato prévio com os pacientes e triagem de sintomas gripais, recomendamos que na recepção todos os colaboradores devam utilizar máscara cirúrgica durante o atendimento dos pacientes, observando a troca da máscara conforme recomendação, pois fatores como umidade diminuem a eficácia da máscara como barreira, todos devem se atentar à técnica correta de retirada, descarte e higienização das mãos e antebraços.
Remover revistas e outros objetos passíveis de manipulação de pacientes na sala de espera e infusão.
EQUIPE DE ATENDIMENTO NOS CONSULTÓRIOS E SALA DE PROCEDIMENTO:
Higienizar as mãos, objetos e móveis a cada atendimento.
Em caso de necessidade inadiável de avaliação de paciente com sintomas gripais: utilizar sala específica destinada à atendimento isolado; assegurar disponibilidade de EPIs (máscara, avental descartável, óculos e luvas) para equipe médica e outros profissionais de saúde que prestem atendimento ao paciente.
Aumentar espaçamento entre as poltronas e leitos.
Protocolo já adotado em muitos Serviços antes do Coronavírus: Os pacientes em tratamento deverão passar obrigatoriamente por avaliação médica. Recomendamos que os profissionais da assistência dos Serviços utilizem máscaras cirúrgicas.
EQUIPE GERAL:
Caso o funcionário ou o médico esteja com sintomas gripais (febre, tosse, coriza e falta de ar): obrigatoriamente deve entrar em contato com o RH do Serviço e seguir as orientações do Ministério da Saúde.
Cancelar reuniões presencias entre os integrantes da equipe de trabalho por um prazo de 30 (TRINTA) dias, com reavaliação a seguir.
Treinar e orientar todos os colaboradores (administrativos, recepcionistas, médicos, farmacêuticos e enfermeiros) nos procedimentos de limpeza e higienização de seus ambientes de trabalho (cada um pode ser responsável pela higienização do seu espaço, inclusive os médicos após cada consulta);
Adoção de trabalho home office para as atividades que forem possíveis e de rodízio de funcionários imprescindíveis ao dia-a-dia do Serviço, com adequação do espaço de trabalho (distanciamento e/ou realocação local de trabalho) e disponibilização de transporte alternativo (evitar transporte coletivo).
ESTRUTURA PARA MANUTENÇÃO DO ABASTECIMENTO E CONTINGÊNCIAS:
Cada Serviço de Terapia Assistida deve analisar criticamente seus níveis de estoques de materiais e medicamentos a fim de assegurar condições seguras de abastecimento; considerando risco de limitações na logística por parte de fornecedores (fabricantes e transportadoras).
Planejar a manutenção dos estoques mínimos de segurança para a continuidade dos atendimentos.
Cabe aos Serviços de Terapia Assistida solicitar à administração dos prédios onde estejam instalados, apoio no estabelecimento de fluxos prioritários e seguros para os pacientes em tratamento.
Planos de contingência devem ser estruturados, atualizados e comunicados à equipe de trabalho para que, numa eventual quebra de continuidade, ações articuladas previamente deem condição de pronta resposta às necessidades do paciente e do Serviço.
Comissão de Centros de Terapia Assistida