Apesar de ser pouco conhecida, a ataxia tem um impacto profundo na qualidade de vida de seus portadores e de suas famílias, que enfrentam desafios diários na busca por diagnósticos precisos e tratamentos eficazes. As ataxias cerebelares são representadas por um grupo de doenças que acometem o cerebelo e resultam em disfunções do controle postural, equilíbrio, marcha, coordenação motora, tremor e sintomas oculomotores. Os tipos de ataxia incluem diversas condições etiológicas adquiridas como, tumores ou AVCs cerebelares e causas genéticas. A disfunção do equilíbrio e a incoordenação dos membros inferiores afetam a marcha e são as principais queixas de pessoas com Ataxia.
O curso da doença é comumente evidenciado por episódios de quedas que resultam em uma elevada taxa de lesões, geram medo nos indivíduos e podem afetar diretamente a qualidade de vida. O cerebelo possui diversas funções que incluem a manutenção do equilíbrio e da postura, controle do tônus muscular, controle dos movimentos voluntários, aprendizagem motora e funções cognitivas específicas.
Entre os sinais que podem indicar o início da ataxia estão a perda de coordenação motora, especialmente nas mãos e nos braços, que afeta tarefas simples, como abotoar uma camisa. Outro sintoma comum é a instabilidade ao caminhar, com quedas frequentes e dificuldade para manter o equilíbrio. Alterações na fala, como a dificuldade para articular palavras claramente, e tremores involuntários também estão entre os sinais de alerta. Caso esses sintomas apareçam de forma persistente, é importante procurar um neurologista para avaliação neurológica.
Apesar de não ter cura, a ataxia pode ser amenizada com tratamentos que visam aliviar os sintomas e desacelerar sua progressão. Medicamentos para controle de alguns sintomas, fisioterapia neurofuncional, fonoaudiologia são indicadas para ajudar os pacientes a manterem sua autonomia. No entanto, para que esses cuidados sejam eficazes, a conscientização e a detecção precoce são fundamentais.
Novas abordagens de tratamento
Atualmente, já existem novas abordagens de tratamentos para a ataxia que visam melhorar os sintomas e a qualidade de vida. A neuromodulação não invasiva é uma abordagem promissora no tratamento da ataxia, utilizando técnicas como estimulação magnética transcraniana (EMT) e estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC).
A EMT é uma técnica não-invasiva e indolor que fornece pulsos magnéticos a uma determinada frequência e intensidade, induz um campo elétrico nas camadas cerebrais, capaz de despolarizar os axônios dos neurônios e promover a modulação neuronal de forma excitatória ou inibitória (Lefaucheur, J. et al, 2014) Alguns estudos têm evidenciado o cerebelo como um importante alvo para a estimulação magnética transcraniana em pacientes com ataxia (Manor, B., et al, 2019) (França, C., et al, 2020), devido às suas conexões com as estruturas corticais, como por exemplo as áreas sensoriomotoras (Buckner, R. L., et al, 2011) que possibilita modular a excitabilidade das vias de conexão cerebelo-tálamo-corticais, diminuindo os sintomas da Ataxia.
Segundo a neurocientista e pesquisadora do Hospital das Clínicas do grupo de distúrbios de movimentos da Faculdade de Medicina da USP, Carolina Souza, essas técnicas atuam modulando a atividade cerebral, especificamente na região do cerebelo ( região cerebral mais acometida nos casos de Ataxias): “Ao estimular o cerebelo, é possível melhorar os sintomas motores, como a marcha instável e a falta de coordenação, comuns em pacientes com ataxia”, afirma a neurocientista. Além disso, a neuromodulação tem a vantagem de ser um método seguro, com poucos efeitos colaterais, tornando-se uma opção viável para complementar outras terapias.
Conheça abaixo os 4 primeiros sinais da ataxia:
1- Dificuldade de coordenação motora: Um dos principais sinais é a falta de coordenação ao realizar movimentos voluntários. Isso pode se manifestar na dificuldade em caminhar, segurar objetos ou realizar tarefas cotidianas.
2- Marcha instável: Pessoas com ataxia tendem a ter uma caminhada irregular e desajeitada, com passos largos e dificuldade em manter o equilíbrio. A sensação é parecida com a de estar cambaleando ou “trançando as pernas”.
3- Tremores: Tremores involuntários, especialmente quando se tenta realizar tarefas precisas, como segurar um copo ou escrever, são comuns em pessoas com ataxia.
4- Problemas de fala e deglutição: A fala pode se tornar arrastada ou lenta, e em alguns casos, a pessoa pode ter dificuldade em engolir, o que aumenta o risco de engasgar.
Fonte: assessoria de imprensa