Muitas pessoas já ouviram falar em Trombose, nome popular da Trombose Venosa Profunda (TVP), mas poucos sabem o que é exatamente essa doença cardiovascular, hoje a terceira causa de morte no mundo, atrás dos casos de Infarto e do Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Embora não existam números precisos sobre a incidência da doença no Brasil, o cenário da Trombose Venosa Profunda (TVP) é preocupante. Entre janeiro de 2012 e maio de 2022, 425.404 brasileiros foram internados para tratamento da doença, sendo que 92% (394.254) dos atendimentos ocorreram em caráter de urgência, ou seja, poderiam ter sido evitados se a doença tivesse sido diagnosticada precocemente, de acordo com dados do SUS¹.
Segundo o cirurgião vascular e endovascular Fabio Rossi, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), “a Trombose Venosa Profunda (TVP) ocorre quando há a formação de coágulos de sangue nas paredes internas das veias, trombos que impedem o fluxo natural do sistema cardiovascular. Qualquer veia do corpo pode ser afetada, mas as mais acometidas são a veia femoral (pernas) e a veia ilíaca (abdômen)”.
De acordo com o especialista, também professor do Instituto Dante Pazzanese (IDPC), além de provocar dor crônica, desconforto, inchaços, mudanças de cor nas pernas, e nos casos mais graves até úlcera varicosa, a Trombose Venosa Profunda (TVP) também pode ser assintomática, ou oligossintomática, condição frequente entre 40% e 50% dos casos, obstáculo que dificulta o diagnóstico precoce da doença.
“Justamente por ser silenciosa, é fundamental que as pessoas e a comunidade médica reconheçam quais são os grupos de riscos com maiores chances de apresentar essa doença, para que possamos orientá-los, e educá-los, evitando as complicações da enfermidade. Precisamos, na verdade, nos preocupar e cuidar melhor da nossa saúde vascular”, argumenta o médico.
Pessoas com histórico familiar da doença, com sobrepeso ou obesidade, tabagistas, profissionais que passam períodos prolongados sentados ou em pé, pacientes oncológicos ou após cirurgias de alta complexibilidade, mulheres, principalmente aquelas que fazem uso de anticoncepcional oral por longo tempo ou gestantes integram o perfil de risco para a doença.
Além de gerar úlceras nos membros inferiores de difícil cicatrização e problemas de mobilidade, interferindo diretamente na qualidade de vida e bem-estar do paciente, a Trombose Venosa Profunda (TVP), se não tratada e acompanhada por um médico regularmente, pode levar à óbito. “Isso acontece quando o coágulo se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia, que pode levar a lesões graves na região, e provocar sobrecarga do coração e arritmias, caso da embolia pulmonar, por exemplo”, ressalta o cirurgião.
Embora a TVP seja um sério problema de saúde pública que leva a cerca de 113 internações por dia no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), sendo que 61% desse montante sejam mulheres, o Dr. Fabio Rossi lembra que a doença pode ser prevenida com hábitos saudáveis de vida, incluindo uma alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, controle de peso, uso de meias de compreensão e checkups médicos frequentes¹.
Novidade no tratamento
A outra boa notícia é que a Trombose Venosa Profunda (TVP) pode ser tratada. “Além do uso de anticoagulantes que evitam a solidificação do sangue, e de trombolíticos que auxiliam na dissolução dos trombos, existem procedimentos minimamente invasivos, como a aspiração mecânica do coágulo, e o implante de stents, recomendados em casos mais graves em que se observam a existência de trombos mais extensos e volumosos, e sem resposta ao tratamento medicamentoso”, explica.
Atualmente, inclusive, existem stents venosos, especialmente criados para tratar esse tipo de doença cardiovascular. Antes os cirurgiões tinham de se adaptar aos dispositivos arteriais que não atendiam adequadamente às necessidades. É o caso do Abre™ Sistema de Stent Venoso Autoexpansível, da Medtronic, recém-lançado no país, após a aprovação da ANVISA.
Diferentemente dos stents de uso arterial, os venosos têm maior diâmetro considerando o calibre das veias, são mais longos para serem implantados nas veias de membros inferiores, são mais precisos e com maior força radial. “Muitos dos pacientes com obstrução venosa profunda são mais jovens, portanto, é fundamental ter um stent venoso que não seja apenas seguro e eficaz, mas também forte e flexível, e durável a longo prazo”, informa o presidente da SBACV-SP.
Referências:
- Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Disponível em Link. Acesso em agosto de 2023.
Fonte: Assessoria de Imprensa