O novo Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), aprovado no último dia 24 de fevereiro, incluiu além de 50 medicamentos, 19 novos procedimentos na cobertura obrigatória dos convênios médicos. A atualização, que entrou em vigor em 1º de abril de 2021, contou com a participação de pacientes, médicos e da sociedade civil em geral através da consulta pública nº 81 da ANS, realizada entre outubro e novembro de 2020.
Entre os novos procedimentos aprovados está a terapia de pressão negativa, um importante recurso no tratamento das frequentes lesões nos pés dos pacientes com diabetes, que podem inclusive levar à amputação nos casos mais graves. As lesões nos membros inferiores acometem cerca de 20% dos pacientes com diabetes, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.
Os problemas de circulação sanguínea em pessoas com diabetes, quando há um descontrole da doença, especialmente nas áreas periféricas do corpo, são um fator de risco para os pacientes. Essa situação pode gerar um comprometimento da irrigação dos nervos dessas áreas, levando a uma disfunção e a alterações de sensibilidade (neuropatia), especialmente nos pés.
Neste cenário, os pacientes podem ter pequenas lesões ou machucados por causas diversas que não percebem ou não dão a devida importância devido às alterações de sensibilidade. Possibilitando assim, a ocorrência do pé diabético, que por definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma “situação de infecção, ulceração ou também destruição dos tecidos profundos dos pés, associada às anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica, nos membros inferiores de pacientes com diabetes mellitus”.
Como funciona a terapia e quais os benefícios?
Para o Dr. Daniel Mello, cirurgião plástico da Santa Casa de São Paulo e do Hospital Rede D’Or São Luiz Itaim, a aprovação dessa tecnologia para os usuários dos planos de saúde é uma vitória para os pacientes com diabetes. Diversos estudos ao longo dos anos já mostraram a efetividade dessa tecnologia no tratamento desses pacientes.
Esse método é aplicado em úlceras complexas e gera uma pressão subatmosférica, ou seja, abaixo da pressão em que vivemos. Com isso, a cicatrização é acelerada, estimulando a proliferação celular e a formação de novos vasos. A tecnologia contribui para o aumento da formação de tecido de granulação, tão importante no processo de cicatrização, além de reduzir a resposta inflamatória controlando a drenagem de secreção no local. “A partir do momento que uma ferida foi devidamente limpa e tratada a terapia por pressão negativa pode nos ajudar no processo de cicatrização das úlceras da síndrome do pé diabético de forma muito interessante. Localmente nós vamos ter um tratamento mais rápido, que vai gerar menos morbidade para o paciente, além de reduzir riscos e processos de amputação”, afirmou o profissional.
Pé diabético: Um problema de saúde pública
Para o cirurgião plástico, a técnica também proporciona uma reabilitação e alta hospitalar mais precoce na maioria dos casos. Algo muito importante pois a síndrome do pé diabético é um problema de saúde pública, que onera gastos muito elevados tanto ao Sistema Público de Saúde, quanto ao Sistema Privado. Principalmente quando a doença de base não é controlada, gerando um índice alto de complicações, onde há a necessidade de longas internações, cirurgias e diversos outros procedimentos para o controle do quadro clínico.
Com a entrada deste procedimento no rol da ANS será possível aumentar o acesso e agilizar o tratamento para os pacientes com diabetes, algo que é crucial no caso de lesões graves que podem levar à amputação. Além disso, será possível diminuir a dependência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, consequentemente, seus custos, melhorando o atendimento para todos.
“Nós temos um paciente que, às vezes, a partir de uma úlcera na região plantar no pé, tem que ser submetido a uma amputação. E essa amputação modifica toda a rotina, altera drasticamente a qualidade de vida desse paciente, podendo ficar restrito a uma cadeira de rodas ou acamado por um período prolongado com outras comorbidades a curto prazo. Além de todas as outras consequências familiares, econômicas e sociais”, ressalta o médico sobre a importância de tratamentos eficazes e mais rápidos, como a terapia de pressão negativa.
Confira os critérios para cobertura no site da Agência Nacional de Saúde Suplementar
Visite o site da ANS, clicando neste link: http://www.ans.gov.br/planos-de-saude-e-operadoras/espaco-do-consumidor/verificar-cobertura-de-plano
Escreva o nome: Terapia de Pressão Negativa, selecione o nome da cobertura e clique em continuar para ler os critérios exigidos para garantir a cobertura mínima obrigatório do tratamento com a Terapia de Pressão Negativa para tratamento da Ferida do Pé Diabético no Plano de Saúde.