Nas últimas semanas, o Brasil registrou novos casos de botulismo, uma doença rara, mas grave, causada pela ingestão de toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Esses surtos acendem o alerta sobre práticas adequadas de preparo e conservação de alimentos, especialmente artesanais, além da importância do diagnóstico rápido para evitar complicações graves. De acordo com Carolina Lázari, médica infectologista e patologista clínica membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o botulismo resulta de uma toxina que compromete funções vitais, como a respiração, levando à paralisia flácida descendente que pode ser fatal se não tratada rapidamente.
A especialista da SBPC/ML explica que a forma mais comum de transmissão é o consumo de alimentos contaminados, como conservas artesanais, carnes curadas e queijos caseiros. Embora alimentos industrializados sigam normas rígidas de segurança, podem ocasionar surtos, mais frequentemente relacionados a conservas vegetais, enlatados e embutidos”, ressaltou Lázari, acrescentando que os produtos caseiros ou de produção artesanal em estabelecimentos menores oferecem maior risco, devido à falta de higiene e de condições inadequadas de armazenamento.
Segundo a especialista da SBPC/ML, os sintomas surgem de horas a dias após a ingestão do alimento contaminado, começando com visão dupla, boca seca, dificuldade para falar e engolir, e progressão para paralisia facial e muscular. “A paralisia dos músculos respiratórios pode requerer ventilação mecânica. O diagnóstico clínico é essencial, pois a confirmação laboratorial da toxina é complexa e realizada apenas em laboratórios de referência”, ponderou Lázari.
O médico deve suspeitar de botulismo quando há paralisia descendente e histórico de consumo de alimentos de risco. Os exames laboratoriais, apesar de demorados, são essenciais para a vigilância epidemiológica e medidas preventivas. No entanto, o diagnóstico precoce e a notificação às autoridades de saúde são cruciais para controlar a disseminação da doença. Carolina Lázari explica que o tratamento envolve a administração do soro antibotulínico, que deve ser aplicado o mais rapidamente possível para neutralizar a toxina e prevenir complicações graves. “Em casos avançados, o suporte em unidades de terapia intensiva pode ser necessário, principalmente se houver necessidade de ventilação mecânica”, destacou.
A médica lembra que a prevenção do botulismo exige rigor no preparo e conservação de alimentos, especialmente os artesanais. A esterilização adequada de conservas e a refrigeração dos alimentos são fundamentais para evitar a proliferação da Clostridium botulinum. “Em casa, é importante evitar alimentos com embalagens estufadas ou latas amassadas, que podem sinalizar contaminação.” Lázari acrescenta que “o papel das autoridades de saúde é essencial para monitorar surtos e garantir que as práticas de produção sigam padrões de segurança, reduzindo o risco de novas ocorrências. A conscientização sobre os riscos e as medidas preventivas é a melhor forma de evitar essa grave doença”.
Fonte: Assessoria de Imprensa