Solidão pode aumentar o risco de doença cardíaca em mulheres

Um estudo, que acompanhou 58 mil mulheres por dez anos, também mostra que o isolamento é outro fator de risco

Sentir-se sozinha, mesmo estando em contato com outras pessoas, é um fator de risco para doenças cardíacas em mulheres. A constatação é de um estudo, publicado no periódico JAMA (Journal of American Medical Association), que acompanhou cerca de 58 mil mulheres estadunidenses pós-menopausa, com idade média de 79 anos.

De acordo com os pesquisadores, o sentimento de solidão aumenta o risco de doenças cardíacas, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), em 5%. Além disso, isolar-se se outras pessoas pode elevar esse risco em 8%.

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O estudo também apontou que a associação dos dois fatores pode alavancar as chances dessas doenças em até 27% em comparação com mulheres da mesma idade que não apresentam esses sentimentos.

Como o estudo foi feito?

O estudo foi realizado entre março de 2011 e março de 2019 com 57.825 mulheres de 65 a 99 anos. Para identificar fatores de isolamento social, as participantes responderam questionários entre 2011 a 2015 e, posteriormente, foram acompanhadas até 2019. Mulheres que já tinham histórico de infarto do miocárdio, AVC ou outras doenças cardíacas não foram incluídas na amostra.

Vale ressaltar que, com “isolamento social”, o estudo quis analisar o hábito de estar fisicamente longe das pessoas. Como a pesquisa foi realizada antes da pandemia de COVID-19, o termo não está relacionado ao isolamento social tomado como forma de conter a transmissão do coronavírus.

Já para medir o sentimento de solidão, os pesquisadores utilizaram a Escala de Solidão da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles). A escala reflete sentimentos de isolamento, falta de companheirismo e exclusão.

O estudo avaliou, ainda, o apoio social que essas mulheres recebiam (como ajuda em questões específicas e apoio emocional) e covariáveis, como consumo de álcool, nível de atividade física, qualidade da dieta, depressão e diabetes. Esses outros fatores foram corrigidos por meio de programas estatísticos para que fosse observado, de fato, o efeito da solidão e do isolamento nas participantes.

Por fim, os pesquisadores puderam revisar os prontuários hospitalares das participantes para avaliar ocorrências de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, AVC e mortes atribuídas a doenças cardíacas.

O que é solidão?

A solidão é caracterizada como o sentimento de não pertencer ao mundo que nos cerca, como a dificuldade de criar vínculos ou de se identificar com outras pessoas. Entre as causas da solidão estão a baixa autoestima, falta de confiança, distúrbios psicológicos, viver sozinho, entre outros fatores.

Existem diferentes níveis de solidão segundo a psicóloga Adriana de Araújo, que elencou previamente ao Minha Vida:

Leve: com presença de pensamentos negativos;
Mediana: presença de pensamentos negativos que trazem sofrimento;
Intensa: pensamentos negativos que trazem profundo sofrimento e a sensação de que não há esperança ou possibilidade de resolução.

Caso sinta algum desses sintomas, procure a ajuda de um especialista, como um psicólogo.

Fonte: Assessoria de Imprensa