Na literatura médica existem comentários positivos e negativos dos mergulhadores sobre dores nas costas. Em algumas pessoas, a dor piora quando mergulham porque o cinto de lastro sobrecarrega a coluna na direção errada quando debaixo d’água (forçando a lordose). Neste caso, basta corrigir a posição do cinto.
Para outros, a dor piora pelo peso do próprio equipamento. Nestes casos orientamos o fortalecimento muscular com musculação, natação ou Pilates, por exemplo, e colocar os equipamentos na água, técnica que faz parte do aprendizado básico.
No entanto, algumas pessoas têm bolsas de gás nos seus discos intervertebrais, ou protusões, abaulamentos e até mesmo hérnias, e os discos estão comprimindo as raízes nervosas. Neste caso existe a possibilidade de que os discos salientes ou seu conteúdo sejam reduzidos em tamanho, fazendo menos pressão sobre os nervos, então o mergulho ajuda devido a pressão que a água gera na região aliviando as dores.
Artrite e artrose
Alguns mergulhadores comentam que têm artrite ou artrose e, ao mergulharem, sentem uma melhora com menos dor e rigidez após a atividade. Nestes casos, a natação é indicada como um exercício de volta, o próprio movimento subaquático já faz parte de uma atividade que melhora e fortalece a musculatura. O exercício na água ajuda, além da diversão e sociabilidade que o mergulho propicia.
Cifose, lordose e escoliose
A espondilite anquilosante é uma doença crônica que causa inflamação, dor e deformidade das articulações, principalmente da coluna vertebral, muitas vezes evoluindo para rigidez. Quem desenvolve essa doença tem a capacidade de mergulhar comprometida pela deformidade da coluna vertebral (cifose, lordose, escoliose, por exemplo). O paciente com este tipo de problema está propenso a lesões por causa da locomoção e teria dificuldade em entrar e sair do barco de mergulho.
A atividade física envolvida em entrar e sair da água é a limitação mais importante, não o mergulho em si. O importante é se equipar na água e ter um parceiro de mergulho que esteja disposto a fornecer suporte com a parte física do esporte. Não há estudos que indiquem que o mergulho iria piorar a condição.
Mesmo assim, é recomendado escolher lugares quentes, com água morna e mergulho superficial (cerca de 10 metros no máximo). É recomendável fazer um ecocardiograma para avaliar suas válvulas cardíacas, já que, por vezes, a doença compromete também o coração e outros órgãos. Consulte sempre um especialista.
Cirurgia de hérnia de disco
Não há nenhuma evidência de que a cirurgia para tratamento de hérnia de disco torne susceptível a complicações no mergulho como pneumotórax e doenças descompressivas, mas mesmo assim é aconselhável esperar uns 6 meses de qualquer pós-operatório, desde que seja feita uma avaliação médica criteriosa para iniciar as atividades subaquáticas e com a devida autorização do especialista.
É preciso tempo suficiente para se curar da cirurgia e, para a cicatrização óssea, o tempo mínimo é de oito semanas de recuperação.
Uma consideração importante é a confusão entre os sintomas de uma hérnia de disco e a doença de descompressão. Somente um exame neurológico cuidadoso pode determinar se existem quaisquer anomalias residuais. Leve uma nota resumindo os resultados para que você evite ser tratado por DCS com base nas conclusões após a sua cirurgia. E bom mergulho!
Nota: Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
Fonte: Revista News