A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune, caracterizada pelo ataque do próprio corpo às articulações.
Os sintomas clássicos são inchaço, rigidez e dores nas juntas, que se não tratadas de forma correta podem levar a deformidades, dificultando a execução de movimentos simples como escovar os dentes, abrir potes e até mesmo afetar a mobilidade de quem convive com a doença.
Iniciado o tratamento, o alvo é a remissão, que significa que a doença não está em atividade ou com poucos ou nenhum sintoma. No entanto, a remissão nem sempre é definitiva e podem haver novos casos de crise com a volta dos sintomas ou piora deles.
Um dos alertas de piora do controle da artrite reumatoide é a dor, que muitas vezes é naturalizada pelos pacientes.
Porém, ela indica que algo não vai bem e precisa ser ouvida. “A dor pode ser decorrente da inflamação da Artrite Reumatoide, ocasionando inchaço nas articulações. Também pode ser causada por dano articular, como erosões e desgastes na cartilagem. Por isso, a dor pode indicar piora da artrite e deve ser informada ao médico nas consultas”, explica Dr. Claiton Brenol, membro da comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia e chefe do Serviço de Reumatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Interromper medicamento por conta própria pode piorar a AR
Diversos motivos podem levar a uma piora nos pacientes que já estão em tratamento da artrite reumatoide e os principais são relacionados à adesão ao tratamento. “Além de infecções e procedimentos cirúrgicos que podem causar crises, as principais causas são interrupção ou diminuição da dose dos tratamentos por diversos motivos, como esquecimento do paciente, falha na dispensação, decisão de suspender por estar sem dor ou decisão médica após período de melhora, entre outros”, destaca Dr. Brenol.
Quando há piora, é necessário trocar a medicação?
De acordo com o reumatologista, nem sempre é necessário trocar os medicamentos que controlam a AR. “Algumas crises ao longo da evolução da doença podem ser melhoradas com medicamentos que melhoram os sintomas, como analgésicos, anti-inflamatórios e corticoides, preferencialmente com orientação médica”, elucida o reumatologista. Em alguns casos, pode ser necessário trocar o medicamento para novas drogas como os biológicos, que atuam como modificadores do curso da doença. Para isso, o paciente poderá conversar com o seu médico reumatologista sobre a possibilidade e, juntos, definirem uma nova conduta de tratamento.
Ter hábitos saudáveis é importante para o controle da AR
O tratamento da artrite reumatoide é multidisciplinar, ou seja, envolve a participação de diversos profissionais e o próprio comprometimento do paciente. Manter hábitos de vida saudáveis, seguir a prescrição médica e frequentar as consultas médicas regularmente são muito importantes para a manutenção da qualidade do tratamento e, consequentemente, da vida do paciente.
Além disso, quem convive com a doença deve ficar atento a algumas condutas que podem interferir no tratamento, como o sono e o peso. “A piora da qualidade do sono intensifica a sensação de dor. Já o excesso de peso pode colaborar para a piora da dor articular de diversas formas, como causar desgaste das articulações de forma mais acelerada e colaborar para a piora dos sintomas de dor”, explica Dr. Brenol.
O especialista também destaca que exercícios físicos devem fazer parte do tratamento. Apesar de a artrite reumatoide atingir as articulações, a prática de atividade física fortalece a musculatura como um todo, já que os músculos dão sustentação às articulações. “Além de evitar crises e reduzir a dor, pacientes com melhor massa muscular enfrentam melhor os períodos de piora da artrite”, explica.