Ao menos 45 milhões de brasileiros vivem com algum tipo de deficiência, o que representa cerca de 25% da população, segundo o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Desde 1991, a legislação prevê que empresas com 100 ou mais funcionários devem ter de 2% a 5% das suas vagas preenchidas por pessoas com deficiência (PcDs).
Ainda que o aumento no preenchimento de vagas de PcDs seja essencial, é importante pensar que mais do que aumentar o número, são as ações que farão diferença na vida dessas pessoas, como promover oportunidades para que elas possam permanecer e crescer no ambiente de trabalho.
A Qualirede, especialista em gestão em saúde para o setor público, defende a importância de investir no acolhimento e bem-estar de PcDs, que contribuirá para o verdadeiro sentimento de inclusão e pertencimento no ambiente de trabalho.
“A inclusão ocorre de várias formas e etapas, desde a capacitação da função para a qual foram contratadas até o acolhimento das diferenças, promovendo o seu bem-estar dentro da equipe. Quando incluída, a pessoa passa a ter participação efetiva e ocupar um espaço que é seu por direito”, afirma a diretora de operações Carla Biagioni.
Qualirede prioriza bem-estar de funcionários PcDs
A Assistente de OPME da Qualirede, Ana Luiza Coutinho, foi diagnosticada há 13 anos com espondilite anquilosante, mas a Qualirede foi o primeiro emprego em que ela assumiu ter deficiência física, há um ano.
“Finalmente aceitei a minha deficiência, e hoje prefiro utilizar dos meus direitos, que preservam danos a minha condição física e também levar consciência às demais pessoas”, relata Ana Luiza.
Segundo Ana, desde o primeiro dia de trabalho ela sentiu que foi acolhida e bem recebida por todos os colegas da empresa. Além disso, ela diz que recebe auxílio sempre que encontra alguma dificuldade ou limitação.
“A Qualirede sempre me ofereceu a estrutura necessária para que eu pudesse desempenhar as minhas funções com qualidade, conforto e sem prejuízos a minha saúde, desde quando estávamos trabalhando presencialmente, como agora em formato home office. Isso tem um impacto gigante para mim, sou muito grata a todas que se esforçaram com carinho para me oferecer isso”, relata.
Ana tem uma doença genética degenerativa autoimune, que gera uma inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, como das articulações da coluna, dos quadris, ombros e outras regiões mais raras.
Ela explica que sua doença é chamada de deficiência invisível, porque não é visível às outras pessoas. “O que caracteriza a doença como uma deficiência física é que a coluna lombar geralmente se torna rígida, assim como a região posterior superior do pescoço, causando sintomas que limitam a mobilidade”, explica.
Limitação físicas não são do intelecto
Para a assistente de OPME, as limitações físicas não são limitações de intelecto.
“Ainda vejo poucas pessoas com deficiência em cargos maiores nas empresas, crescendo e obtendo oportunidades. PcDs são tão aptas quanto as demais pessoas, porque já enfrentaram seus diagnósticos, preconceitos e os próprios limites. Nós superamos todos os dias, valorizamos as pequenas coisas da vida e sabemos nos adaptar em situações adversas”, afirma Ana.
Segundo ela, ainda há muitos julgamentos e falta de empatia com o próximo.
“Há pouca aposta positiva nas pessoas com deficiência física, tanto no ambiente familiar, profissional, educacional ou social. Isso tem que mudar”, conclui Ana.
“Na Qualirede sou vista como um ser humano capaz”
Assim como Ana, a Assistente Administrativo da Qualirede, Fabricia Fontão, atua na empresa desde 2018, onde iniciou o seu primeiro emprego como PcD. Após a deficiência, trabalhou por quatro anos como autônoma e não tinha conhecimento das vagas destinadas às PcDs.
“Dentro da Qualirede sou vista como um ser humano capaz de desenvolver minhas funções sem qualquer limitação, e isso é muito importante para minha autoaceitação. Até uma vez brinquei, não sou deficiente, sou eficiente. Trabalho muito desde cedo e aqui me percebi capaz de mostrar que posso somar ao grupo”, afirma.
Fabricia teve um tumor benigno chamado meningioma, que afetou o seu olho direito e o nervo ótico atrofiou. Em 2012 foi operada, colocou placa e parafuso. Ela sente que a deficiência ainda afeta a sua vida pessoal, porque ainda não gosta muito de se ver em vídeos ou em fotos.
Mas, a terapia que faz há anos ajuda no processo de autoconhecimento e aceitação. Já no desenvolvimento no trabalho, nada atrapalha.
“Às vezes troco algumas letras quando leio o WhatsApp, mas peço desculpa e vida que segue. Esse meu jeito leve de encarar as falhas ajuda muito”, relata.
Inclusão deve ser uma causa abraçada por todos
No Brasil, milhares de pessoas com algum tipo de deficiência ainda são discriminadas ou excluídas do mercado de trabalho. Por isso, a inclusão dessas pessoas no âmbito profissional deve ser uma causa abraçada por todos.
Para Fabricia, é uma pena que as empresas ainda pensem apenas no que limita. “As organizações podem perder um profissional incrível, e que será capaz de agregar valor e se tornar peça chave dentro da empresa. Ser inclusivo é lindo, é ser gente, é ser humano. Ser diferente nos dias de hoje é tão real”, conclui.
Fonte: ND Mais.