O fruto da Amazônia contém propriedades que promovem um aumento na quantidade de células que possuem características de combate à inflamação.
Um estudo da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) analisa por meio de marcadores (parâmetros que indicam alterações) se o consumo de açaí pode apresentar algum reflexo na inflamação e no estresse oxidativo (condição biológica em que há um excesso de radicais livres) da doença autoimune artrite reumatoide.
A pesquisa sobre o fruto da Amazônia compõe a tese de doutorado defendida pela estudante Carla Teixeira Silva junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, sob orientação da professora e diretora da Escola de Nutrição (Enut) da UFOP, Renata Freitas. Para a análise, de acordo com a professora da Enut e coorientadora do projeto, Joana Amaral, foram utilizados camundongos, pelo fato de a inflamação desenvolvida nas articulações do animal ocorrer de forma similar à dos seres humanos que possuem a doença.
Outro fator importante é que não havia evidências de que o uso do açaí teria efeito para essa enfermidade, especificamente. Dessa forma, segundo a professora, a artrite foi provocada nos camundongos por meio da imunização. Para a avaliação, os roedores foram divididos em grupos e tratados com protocolos diferentes.
RESULTADO
Após as avaliações, a pesquisadora constatou que o açaí contém propriedades específicas que promovem um aumento na quantidade de células que possuem características de combate à inflamação, as chamadas células reguladoras. Além disso, ao consumir o fruto, o animal portador da artrite obteve uma redução da atividade oxidativa, ocorrendo uma minimização da produção de radicais livres provenientes da doença.
Também houve alterações nas características sintomáticas da doença, fazendo com que o roedor tivesse menos inflamações e possivelmente menos dores. Portanto, a pesquisa mostra que com o consumo diário da polpa do açaí os animais tiveram uma redução das lesões características da artrite reumatoide e um aumento das células reguladoras do sistema imune.
PERSPECTIVA
Dando continuidade ao projeto, como trabalho de iniciação científica e de conclusão de curso, a graduanda de Nutrição Míriam Silva, sob orientação da professora Joana Amaral, investigará os mecanismos imunológicos pelos quais o açaí exerce a atividade antioxidante e anti-inflamatória. Em outra linha de investigação, conduzida por uma estudante de mestrado do CBIOL/Nupeb orientada pela professora Renata Freitas e coorientada pela professora Melina Oliveira de Souza, serão avaliados os efeitos do açaí sobre alterações da microbiota intestinal em animais com artrite reumatoide.
Fonte: O Tempo