A paralisação dos caminhoneiros pode causar risco de desabastecimento de remédios nos próximos dias. Em entrevista à EXAME, Sérgio Mena Barreto, CEO da Abrafarma, diz que os carregamentos previstos para segunda-feira, 31, não chegaram ao destino. O presidente da entidade explicou que esses produtos entrariam nas prateleiras no próximo sábado, 5.
De acordo com Mena Barreto, há relatos de cargas atrasadas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Diferentemente do que ocorreu em 2018, os caminhoneiros não abriram exceção para a passagem de veículos com medicamentos. “A situação das estradas e por consequência das entregas está muito ruim e a perspectiva pra amanhã não é de melhora segundo os associados”, diz.
A entidade representa as maiores redes de farmácias do país. Em números de lojas, são 10% do mercado – com 8.900 lojas – mas em faturamento, corresponde a quase metade das vendas, com 64 bilhões de reais em faturamento anual.
São ao menos 288 interdições ou manifestações em todo o Brasil até o começo da tarde desta terça-feira, 1º de novembro, segundo a Polícia Rodoviária Federal, algumas com bloqueio parcial ou total de vias. Mais de 200 pontos em que havia paralisações também foram liberados.
Desde a segunda-feira, o setor produtivo brasileiro monitora com atenção a paralisação dos caminheiros. Até o momento, os reflexos são pontuais, mas se os bloqueios continuarem, há risco de desabastecimento mais generalizado.
Em vídeos que circulam nas redes sociais, manifestantes contestam a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula venceu o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), com 50,9% dos votos e voltará ao cargo em janeiro para um terceiro mandato.
A Confederação Nacional dos Transportes (CNT) emitiu um comunicado no fim da tarde em que se posicionou contrariamente à paralisação. “Além de transtornos econômicos, paralisações geram dificuldades para locomoção de pessoas, inclusive enfermas, além de dificultar o acesso do transporte de produtos de primeira necessidade da população, como alimentos, medicamentos e combustíveis”, diz a entidade.
Fonte: Revista Exame.