Pela segunda vez em menos de um ano, pacientes que precisam de um remédio de alto custo, não estão encontrando essa medicação nas farmácias do Sistema Único de Saúde, esse problema acontece em diversos estados do país, com pessoas que precisam do remédio adalimumabe. O medicamento que chega a custar mais de 10 mil reais nas farmácias convencionais, que é usado no tratamento das doenças reumáticas, dermatológicas, e também por oftalmológicas.
E esse novo desabastecimento começou no final do ano passado, a professora aposentada Maria de Fátima Fernandes mora na cidade de Praia Grande, no litoral de São Paulo, e ela conta que a falta de aplicações já tem agravado a saúde do pai dela: “Ontem mesmo eu fui na farmácia de alto custo pessoalmente e a atendente falou que a medicação está em processo de compra e não tem previsão de chegar, como nós ficamos? Como meu pai não está tendo medicamento para tomar, ele está tomando muitos antiinflamatórios para conseguir segurar a dor, faz também compressas de água morna, enfim, é muito triste esse descaso.”. Em Abril do ano passado eles também tinham ficado sem esse medicamento.
À 360 km de Fortaleza na cidade de Iguatu no Ceará, a advogada Márcia Pereira relata que ela e outros pacientes da região sofrem também com esse desabastecimento intermitente desde o ano passado e ela já sente os impactos da Artrite Reumatoide no dia-a-dia: “Aqui na minha cidade nós somos 32 pacientes que utilizam essa medicação, no mês passado vieram apenas 5 caixas, ou seja, apenas 5 pacientes poderiam tomar as duas doses, então eles distribuíram uma pra cada, então cada um recebeu apenas uma ampola. Neste mês não veio nenhuma, e a gente precisa recomeçar o tratamento do zero, pois cada vez que você para o tratamento, você tem que recomeçar toda a medicação, voltam as crises e a necessidade do uso do corticoide.”
A Tânia Mara Nunes de Teresópolis-RJ, faz uma aplicação a cada 2 semanas para tratar a Espondilite Anquilosante, uma doença autoimune que causa inflamação nas articulações e ela contou que não tem conseguido pegar esse remédio desde o início do ano, e ela teme que esse atraso traga prejuízos à saúde dela: “Essa medicação, ela só paralisa a doença, por se tratar de uma doença autoimune e progressiva, então esse medicamento é só pra isso, só para estabilizar a doença no estágio que ela está. Graças a Deus eu não tenho observado nenhuma alteração não, mas tenho muito receio de piorar a situação que eu tenho no momento”
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que a compra deste medicamento é de responsabilidade do Ministério da Saúde, e que segue cobrando o Governo Federal para regularização dessa entrega, a previsão é de que o Estado de São Paulo receba um novo lote das seringas de adalimumabe na primeira quinzena de fevereiro, já a Secretaria de Saúde do Ceará, espera receber um novo lote até o final deste mês, a gente ainda aguardar atualização da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro.
A CBN apurou que o Ministério da Saúde fechou na semana passada um contrato de compra, de mais de 660.000 seringas deste medicamento, com o laboratório Abbvie.
Escute a entrevista completa em: https://m.cbn.globoradio.globo.com/media/audio/365794/pacientes-sofrem-com-desabastecimento-do-remedio-a.htm