Famílias que precisam de remédios, que deveriam ser oferecidos pela Farmácia Estadual de Medicamentos Especializados, a Feme, em São Luís, estão há vários meses sem receber a medicação, pois está em falta. Com isso, o tratamento contínuo está sendo interrompido, causando transtornos aos pacientes.
Pacientes sofrem com a falta de medicamentos de alto custo em farmácia especializada do Maranhão — Foto: Reprodução/TV Mirante
A pescadora Roseana da Silva é uma das pacientes afetadas pela falta remédios. Em entrevista à TV Mirante, ela conta que já foi várias vezes até a Feme e sempre sai com a mesma resposta, de que os remédios que ela precisa tomar diariamente estão em falta.
“O Topiramato deu cinco meses que não vinha, eu estava tomando ele porque me doaram de 50 mg, mas eu não consigo tomar de 50 mg porque ele não faz efeito como o de 100 mg. Então, eu vim aqui hoje pedir pra eles olharem para a Feme, porque nós necessitamos dessa medicação”, pede a pescadora.
Roseana relata, ainda, que depende de três remédios e um deles está em falta desde setembro do ano passado. O Quetiapina, também de uso diário, custa em média R$ 300 por mês e já está em falta há três meses. Para manter o tratamento, ela tem contado com a ajuda de amigos.
“Como é que a gente vai se manter? Uma pessoa que não tem uma renda fixa, não tem um amparo do governo, não tem nada. Meu benefício foi bloqueado desde o ano passado. Estou aflita, sem saber o que fazer. Porque eu não consigo dormir sem essa medicação. Então eu peço para as autoridades olharem para nossa farmácia e saber que nós temos receita especial, porque nós somos especiais”, destaca a pescadora.
A Farmácia de Medicamentos Especializados é a única opção de muita gente que faz tratamento continuado de doenças com remédios de alto custo. Mas é só passar um tempo na porta da Feme para ver que muitas dessas pessoas saem de mãos vazias.
A cozinheira Rejane Santos foi buscar Aminofilina, para o tratamento que a madrasta faz há um ano de uma doença nos pulmões, e saiu da Feme sem nada.
“Ela mandou eu ligar, aguardar. Mandou eu ligar a partir de 8h, aí vou ligar para ela e ver se chegou o remédio. Mas não me deram prazo, mandaram eu só ficar ligando, a partir de 8h”, conta a cozinheira.
A afilhada do caseiro Ribamar Nunes faz um tratamento para dor crônica depois de um acidente. E já é o segundo mês seguido que ele sai sem o medicamento Gabapentina, que garante alguma qualidade de vida à menina.
“Aí ela ligou, tá com dois dias, e disse que tinha, mas chega aí não tem. Já tem duas vezes que venho aqui, perdi tempo, passagem. Já tem uns dois anos que ela depende desse remédio, porque sente muita dor, e é caro, R$ 400 e pouco”, relata Ribamar.
O filho da vendedora Joana Silva tem Síndrome de Down e Síndrome de West. O bebê de seis meses precisa de duas caixas por mês do remédio Sabril, cada caixa custa em média R$ 300, um dinheiro que a família não tem.
“A Feme não está tendo a medicação pra entregar há três meses, o Sabril de 500 mg. Uma caixa custa R$ 300, praticamente. O meu bebê precisa de duas caixas dessa por mês. Então, é difícil, tem que contar com a ajuda de um irmão, de outro”, lamenta Joana.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que a medicação Gabapentina de 300 mg está em fase de licitação para aquisição e estará disponível para os pacientes em até trinta dias. Já o medicamento Sabril, não será mais fabricado pelo laboratório, e o Aminofilina não está mais no elenco de medicações disponibilizadas pela Feme.
A Secretaria de Saúde disse, ainda, que a conduta para as duas últimas medicações é que o médico receite novas substâncias. Sobre a medicação Quetiapina, a SES informou que é um medicamento fornecido, exclusivamente, pelo Ministério da Saúde, e a previsão é que, até o fim do mês, seja regularizado o recebimento da medicação.
Fonte: G1 Maranhão.