Estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas tenham osteoporose no Brasil. Metade das mulheres tem chances de sofrer fraturas osteoporóticas, eventos esses que superam os casos de câncer de mama, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral somados juntos.
Com o envelhecimento, a incidência de fraturas devem aumentar consideravelmente, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a população está envelhecendo mais rapidamente. “No Brasil, o aumento vai ser mais relevante, o número de fraturas por osteoporose vai crescer em cerca de seis vezes até 2050”, alerta a médica endocrinologista Dra. Marise Lazaretti Castro, presidente da ABRASSO – Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo.
As fraturas osteoporóticas levam à perda considerável da qualidade de vida e aumentam muito a mortalidade. Um quarto dos pacientes que sofrem uma fratura osteoporótica de quadril morrem dentro de 6 meses após a fratura.
Existem medicamentos bastante eficientes para prevenir estas fraturas e reduzir a mortalidade. Os bisfosfonatos são os mais utilizados no mundo para tratamento da osteoporose, muito eficazes para bloquear a perda óssea decorrente do envelhecimento e reduzir o risco de fraturas. Esses medicamentos comprovadamente são capazes de reduzir em mais de 50% as chances de fraturas osteoporóticas em mulheres e homens. Deste grupo fazem parte o alendronato, o risedronato, o ibandronato e o ácido zoledrônico. Além dos bisfosfonatos, outro anti-reabsortivo bastante eficaz para o tratamento da osteoporose é o denosumabe.
Relatos recentes, mas bastante raros, de osteonecrose de mandíbula, associada ao uso dos anti-reabsortivos, têm preocupado médicos, dentistas e pacientes e medidas preventivas devem ser instituídas para evitar este risco. A osteonecrose de mandíbula, associada a medicamentos é uma lesão rara, que pode acontecer em média em 5 indivíduos a cada 10.000 pacientes tratados com bisfosfonatos para osteoporose. Isto significa uma frequência de 0,001%, isto é, extremamente baixa. “O benefício na proteção de fraturas supera em mais de 17 vezes o risco de vir a ter uma osteonecrose de mandíbula, portanto, jamais o tratamento da osteoporose deve deixar de ser recomendado por conta deste efeito colateral raro deste grupo de medicamentos”, ressalta a médica.
A especialista explica que nos casos em que os pacientes tratados com bisfostonatos por conta de metástases ósseas por câncer, que recebem doses muito mais elevadas, os riscos são um pouco mais evidentes, entretanto, mesmo nestes casos, os benefícios do tratamento na prevenção e controle das metástases ósseas pelo câncer superam em muito o risco desta lesão na mandíbula.
A médica ressalta, ainda que as osteonecroses de mandíbula acometem geralmente pessoas que passaram por procedimentos dentários com traumas ósseos, como extração dentária e cirurgias na mandíbula. Situações associadas a esses procedimentos dentários que podem aumentar o risco são: diabetes, tabagismo, uso de glicocorticoide, imunossuprimidos, pacientes com câncer submetidos a quimioterapia e radioterapia, que já tenham uma doença periodontal ou má higiene oral.
Medidas recomendadas para reduzir o risco da osteonecrose de mandíbula:
– Se possível, realizar os tratamentos cirúrgicos odontológicos antes do início do tratamento com anti-reabsortivos (bisfosfonatos ou denosumabe)
– Uso de antibioticoterapia profilática antes e após o procedimento cirúrgico oral
– Manter uma higiene oral adequada, e utilizar antissépticos orais durante o tratamento para osteoporose
– Fechamento apropriado da cicatriz cirúrgica após extração dentária
– A suspensão da medicação anti-reabsortiva para osteoporose deve ser analisada caso a caso, mas não deve ser recomendada para pacientes com alto risco de fraturas.
A médica salienta que ao recomendar os bisfosfonatos ao paciente, o médico deve orientá-lo a comunicar o seu dentista que faz uso do medicamento, caso surja a necessidade de submeter-se a um procedimento odontológico de alta complexidade. A partir daí, recomenta que o dentista trabalhe conjuntamente com o médico para que ambos conduzam o procedimento da forma mais adequada, sem comprometer o tratamento da osteoporose. A especialista alerta os pacientes que fazem uso dos bisfosfonatos para que intensifiquem os cuidados com a higiene bucal, evitando assim, complicações mais graves.
Nos Estados Unidos, constatou-se uma queda nas taxas de tratamento da osteoporose a partir da divulgação destes raros efeitos colaterais pela mídia.”É importante informar sobre os riscos da osteonecrose de mandíbula assim como as maneiras de preveni-los, mas sempre manter a perspectiva de que os benefícios do tratamento superam de longe os riscos destas complicações odontológicas”, alerta a especialista.
Sobre a ABRASSO
A ABRASSO – Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo, representa a união das três principais sociedades médicas dedicadas ao estudo da osteoporose e do osteometabolismo no Brasil: SBDENS (Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica), SOBEMOM (Sociedade Brasileira para Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral) e a SOBRAO (Sociedade Brasileira de Osteoporose).
Criada em 2011, conta hoje com cerca de 1.500 associados de diversas especialidades médicas, além de outros profissionais da área da saúde que, juntos, têm a missão de difundir o conhecimento científico, estimular o ensino e a pesquisa e realizar ações preventivas da saúde junto ao público leigo.
Serviço:
Twitter: @ABRASSO
Facebook: https://www.facebook.com/abrassonacional/
Site:www.abrasso.org.br
Osteoblog: www.osteoblog.org.br
Fonte: http://www.segs.com.br/saude/113043-osteonecrose-de-mandibula-x-medicamentos-para-osteoporose