Um a cada cinco brasileiros está obeso, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde. O que, por si já é um problema sério de saúde pública, é piorado pela dor, isso porque estudos apontam que pacientes portadores de dores crônicas comumente sofrem de obesidade.
São vários os mecanismos que podem ligar estas duas patologias, ou seja, que são tão comuns na dor, quanto na obesidade. Dentre eles posso incluir os fatores mecânicos e estruturais, mediadores químicos, depressão, sono e o estilo de vida.
Para se ter uma ideia melhor, uma pesquisa em grande escala com mais de 1 milhão de pessoas demonstrou uma correlação direta entre dor crônica e a medida do Índice de Massa Corpórea (IMC). Comparando-se pessoas com peso normal, quem estava com sobrepeso relataram taxas 20% maiores de recorrência dor, e as taxas sobem para 68% para quem estava com obesidade de classe I, 136% para pessoas com obesidade de classe II e 254% para obesidade mórbida.
E não há somente uma correlação com a dor lombar, um estudo mostrou que 60% das mulheres com fibromialgia estavam pelo menos acima do peso, sendo que 32,2% na faixa de obesos.
Já é sabido que a obesidade traz vários impactos adversos sobre capacidade funcional e qualidade de vida das pessoas de um modo geral. Entretanto, quando a obesidade co-ocorre com a dor crônica, isso pode ter consequências adicionais à saúde, estudo americano publicado pela Arthritis Care and Research, mostrou que pacientes obesos com artrite reumatoide, doença autoimune e que causa dor crônica, são mais propensos a ficar incapacitados e esse agravamento estava associado ao peso. Vários outros estudos também mostram redução da expectativa de vida para indivíduos com dor crônica, principalmente devido a doenças cardiovasculares. Embora o mecanismo exato subjacente ao aumento da mortalidade em pacientes com dor crônica não é conhecido,
Foi sugerido que a síndrome metabólica, que é comum em pacientes com dor crônica, pode levar ao comprometimento da saúde cardíaca.
Se a obesidade agrava a dor crônica ou apresenta um risco maior de ter dor, pode-se especular que a perda de peso deve reduzir a dor. Já ficou claro que ambas as patologias têm um impacto reciprocamente negativo sobre o outro, então o sucesso terapêutico depende de uma abordagem em ambas as doenças.
André Felix é anestesiologista especialista em tratamento de dor crônica.
Fonte: ES BRASIL.