O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença inflamatória autoimune que pode se manifestar de diversas maneiras, com manchas na pele, lesões nos rins, dores nas articulações e hipertensão. O quadro, que atinge principalmente mulheres na faixa etária dos 20 aos 45 anos, levanta muitas dúvidas sobre a gestação: é possível ter um bebê sem correr riscos?
Esse foi o tema da primeira aula do Congresso da Liga Europeia contra o Reumatismo (Eular), que começou ontem na cidade de Amsterdã, na Holanda. A reumatologista Angela Tincani, professora da Universidade de Brescia, na Itália, trouxe uma série de boas notícias com avanços científicos importantes na área. O primeiro deles é a descoberta de biomarcadores, substâncias que estão no organismo e poderiam ser detectadas em exames e, assim, ajudariam a identificar os casos com maior risco de aborto espontâneo ou outras dificuldades.
Faz sentido se antecipar a esses temores: pesquisas recentes demonstram que a grávida com lúpus sofre mais com pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gestação), tromboembolismo e parto prematuro. Para fugir dessas encrencas, é importantíssimo conversar com o seu reumatologista e com o ginecologista ou obstetra antes das tentativas de ter um filho. “Esse aconselhamento em várias frentes é essencial para controlar os fatores que interferem na gravidez, caso de hipertensão, excesso de proteína na urina e até uma doença nos rins”, destacou Angela em sua palestra.
Os profissionais de saúde vão pedir uma batelada de exames e fazer modificações no esquema de tratamento para manter a doença sob controle e aumentar a segurança do período gestacional. Existem algumas classes de medicamentos que podem ser tomadas normalmente durante os nove meses, enquanto outras precisam ser evitadas.
Meu filho vai ter?
De acordo com a especialista italiana, essa é a pergunta que as futuras mamães mais fazem no consultório. Há alguma chance de a criança nascer com o lúpus ou ter algum prejuízo decorrente da condição? Por uma questão genética, os herdeiros até apresentam uma probabilidade maior de sofrer com doenças autoimunes no futuro, mas não necessariamente irão ter o diagnóstico de um quadro reumatológico.
Estudos publicados nos últimos anos evidenciaram uma relação entre o lúpus materno e o risco de distúrbios neuropsiquiátricos, como autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e dislexia. Apesar de os achados serem iniciais, a recomendação é fazer um acompanhamento desde cedo com o pediatra.
Caso você note algum sinal de dificuldade na aprendizagem da criança, vale consultar também o psiquiatra ou o psicólogo para fazer uma avaliação. “É possível superar muitos desses problemas quando eles são entendidos e detectados no início”, completou Angela. O trabalho em conjunto entre as diferentes especialidades médicas faz mesmo toda a diferença: seja antes, durante e depois da gestação.
Fonte: https://saude.abril.com.br/familia/o-que-as-mulheres-com-lupus-precisam-saber-antes-de-engravidar/