Lúpus é uma doença reumática, autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos, como pele, articulações, rins e cérebro. Em casos mais graves, se não tratada adequadamente, pode levar a óbito. Os cuidados e a atenção que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve ter com a pessoa com lúpus no Brasil foi um dos destaques da 342ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saúde (CNS), nesta quarta (10/05).
Entre os sintomas mais comuns do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) estão as lesões de pele, principalmente as lesões avermelhadas nas maçãs do rosto e dorso do nariz, denominadas lesões em asa de borboleta, o que justifica o símbolo da luta contra o lúpus ser representado por uma borboleta lilás. Mas a doença também pode causar fadiga, dor nas articulações, rigidez muscular, dificuldades para respirar, entre outros sintomas.
Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico da pessoa ataca tecidos saudáveis do próprio corpo. Não se sabe ao certo o que causa o lúpus, no entanto, as estudos científicos apontam que as doenças autoimunes podem ser uma combinação de fatores, entre eles hormonais, infecciosos, genéticos e ambientais.
Segundo a sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), estima-se que a doença afete cerca de 65 mil brasileiros, entre 20 e 45 anos de idade, sendo a maioria mulheres. O estudo ainda indica que entre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas, atualmente, o lúpus é uma das mais graves.
“É uma doença muito complexa, que requer algumas vezes internações prolongadas. Os tratamentos não são simples e não é qualquer especialidade [médica] que consegue acompanhar as complicações que nossos tratamentos imunossupressores trazem. Eventualmente precisamos de internações em UTIs e medicações complexas”, afirma Dr. Thiago Willers, vice-coordenador da Residência Médica de Reumatologia da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS).
“O SUS precisa participar da formação do médico generalista e do especialista para que a atuação especializada seja mais atuante no atendimento à população brasileira”, afirma Rodrigo Cariri, coordenador-geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde (Saes), ao destacar que há divergências de dados sobre o número de reumatologistas cadastrados no Brasil entre os próprios órgãos, que precisam ser corrigidas.
O debate foi promovido no plenário durante o Dia Mundial do Lúpus. A representante da Comissão Intersetorial de Atenção à Saúde das Pessoas com Deficiência (Ciaspd) do CNS Izabel de Oliveira, destacou que “as doenças reumáticas acometem 15 milhões de brasileiros e brasileiras e representam a segunda maior causa de afastamento do trabalho”.
Para Ana Lucia Paduello, integrante da mesa diretora do CNS e conselheira nacional de saúde pela Superando Lupus Doenças Reumáticas e Raras, a pauta sobre o Lúpus é cara à população brasileira, por causa da quantidade de pessoas acometidas pela doença e pelos inúmeros tipos de doenças reumáticas.
“Dos mais de 200 tipos de doenças reumáticas, entre elas o Lúpus, só há 8 protocolos clínicos até agora. Então, é impossível dizer que uma política nacional de atenção especializada vai dar conta desses tipos de patologia”, destacou Ana Lúcia.
Ascom CNS com informações do Ministério da Saúde