Sob a lógica de que não é possível avançar na construção de políticas públicas de saúde e garantir direitos e cidadania sem participação social, foi lançado nesta quinta (12/09) o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde (MapaMovSaúde). A iniciativa do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Fiocruz busca unir movimentos sociais de todo o país em uma plataforma colaborativa. A ideia é criar uma articulação em rede, para fortalecer pautas em comum, valorizando a força dos movimentos sociais na defesa da cidadania e da democracia.
A plataforma Wiki foi lançada durante a 358º Reunião Ordinária do CNS, realizada na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília. A ferramenta é aberta e qualquer movimento poderá utilizá-la para cadastrar informações sobre suas trajetórias e atuação. Para Júlio Pedroza, coordenador de Sistemas e Serviços de Saúde do escritório da OPAS e da OMS no Brasil, a iniciativa está diretamente relacionada à construção de uma democracia real.
“Quando abordamos a participação social, falamos de um espaço valioso para sustentar a energia e a força dos movimentos sociais no Brasil como suporte para o SUS. Nós, da Opas, estamos convencidos de que movimentos sociais são o motor que desenvolvem o SUS. Na região das Américas, olham o Brasil e o SUS como prova de que um sistema universal é possível e a participação social é garantia de sustentabilidade”, afirma Júlio.
“Esse mapa precisa e será cada vez mais um mapa vivo e em movimento, para poder dialogar com o controle social e fortalecer cada vez mais o SUS. Ter movimentos fortes significa ter um alicerce para uma democracia forte e um SUS mais fortalecido”, completa o presidente do CNS, Fernando Pigatto.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo, avalia o lançamento do mapa como um símbolo importante para a consolidação de um ciclo que se iniciou a partir do resultado das urnas na última eleição. “Isso que está sendo construído a várias mãos, para elaborar, discutir e debater políticas públicas, é a interferência direta da sociedade do meu país na construção de políticas públicas”, afirma.
“Nós estamos vivendo aqui um momento histórico. Essa plataforma representa muito para a uma caminhada como a nossa, que sempre foi a de construção de políticas públicas com a participação da sociedade, se não tivesse isso, nós não teríamos construído a saúde como direito universal no Brasil”, completa a chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Saúde e idealizadora do projeto, Lucia Souto.
Tecnologia a serviço da sociedade
Todo o conteúdo do Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais é aberto e gratuito, podendo ser utilizado por qualquer pessoa que tenha interesse em conhecer estratégias para o mapeamento contínuo e emergente dos movimentos sociais em saúde. Todas as pessoas que desejarem colaborar com o projeto poderão atuar na produção de conteúdo, sendo que cada participante deverá se identificar com uma conta de usuário do Mapa.
Todas as atividades do Mapa são regidas por um conjunto de regras editoriais, princípios fundamentais sobre os quais o mapa é construído. Esses pilares servem tanto para orientar as atividades de colaboração, como para resolver eventuais conflitos que surjam durante o projeto. Atualmente, a plataforma conta com mais de 500 movimentos sociais cadastrados, sendo que aproximadamente cem inscrições foram realizadas somente no dia do lançamento.
“Além da perspectiva que o projeto demonstra, que é conhecer os movimentos sociais que se formam no campo da saúde, ampliando a capacidade de articulação entre eles, é importante destacar a apropriação das tecnologias digitais pelos movimentos sociais deste país, o que é fundamental para que a gente avance”, afirma o diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) da Fiocruz, Rodrigo Murtinho,
“É preciso fortalecer o protagonismo da sociedade civil em nosso país. Para isso, temos de trazer para a nossa luta algumas ferramentas de tecnologia e comunicação, que são conquistas da humanidade que não podem ser somente para gerar lucro, mas para ser compartilhada com toda a sociedade”, completa a conselheira nacional de saúde e integrante da mesa diretora do CNS, Francisca Valda.
“Esse movimento representa a sociedade viva, é um momento muito rico, Temos muito orgulho em construir o Brasil com a gestão pública em consonância com a sociedade e movimentos sociais organizados”, afirma o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa.
Viviane Claudino
Conselho Nacional de Saúde