O Ministério da Saúde incorporou no SUS o medicamento blinatumomabe para leucemia linfoblástica aguda (LLA), tipo de câncer caracterizado pela produção de linfoblastos (células que, em condições normais, se transformam em linfócitos, responsáveis pela defesa do organismo) com material genético (DNA) danificado. Essas células, que apresentam DNA mutante, se multiplicam rapidamente e se acumulam na medula óssea, fazendo com que células normais e saudáveis do sangue não possam se desenvolver. O blinatumomabe atua ativando o sistema imunológico para atacar e destruir as células cancerígenas anormais. A incorporação irá beneficiar pacientes com LLA B derivada pediátrica em primeira recidiva medular de alto risco, conforme protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde. A LLA é o câncer mais comum entre as crianças, com incidência de cerca de 4 casos a cada 100 mil crianças, por ano.
A LLA B derivada é uma variação biológica da LLA. Neste tipo da doença, as células com material genético mutante que se multiplicam são as que possuem linhagem B. As leucemias de linhagem B são divididas de acordo com seu estágio de desenvolvimento e são classificadas em imaturas, intermediárias ou maduras. A forma mais comum é a LLA B derivada de células imaturas.
Dentre os sintomas mais comuns estão fígado ou baço que podem ser apalpados externamente, palidez ou perda de cor da pele e das mucosas, febre, hematomas, anormalidade na quantidade de plaquetas do sangue e dor nos ossos.
Blinatumomabe
As evidências clínicas apresentadas mostram que em uma população mista de crianças e adolescentes diagnosticados com LLA B derivada em primeira recidiva de alto risco, o blinatumomabe, em comparação ao tratamento com quimioterapia, diminui em média 67% o risco de reaparecimento da doença (recidiva), falha ao tratamento ou morte, aumentando a sobrevida livre de doença (tempo em que não se detecta sinais ou sintomas da doença após realização do tratamento) de aproximadamente um ano e meio. Foi verificado que o uso do blinatumomabe está associado à incidência de eventos adversos, como síndromes inflamatórias e neurológicas.
Entre os pacientes pediátricos, a maior parte consegue atingir a remissão da doença após o primeiro tratamento com quimioterapia e permanecer livre da doença por cinco anos após o diagnóstico. Entretanto, de 15% a 20% desses pacientes podem sofrer com o reaparecimento da doença e são classificados como de alto risco (AR). As chances de sobrevivência para os pacientes pediátricos classificados de alto risco é de apenas 20%.
Incidência
A LLA ocorre com mais frequência entre as crianças de 2 a 4 anos de idade, tendo 80 casos a cada 1 milhão de crianças por ano, no mundo. Esse número diminui na faixa etária de 8 a 10 anos, ocorrendo 20 casos a cada 1 milhão de crianças.
No Brasil, no ano de 2010, a incidência na faixa etária de 1 a 4 anos era de aproximadamente 46 a 57 casos a cada 1 milhão de crianças e 28 a 30 casos a cada 1 milhão de crianças na faixa etária de 5 a 9 anos.
Fonte: Conitec.