O Ministério da Saúde anunciou a incorporação de uma nova técnica conhecida como TAVI, destinada ao tratamento da estenose aórtica, doença que se caracteriza pelo estreitamento progressivo da via de saída do sangue bombeado pelo coração para todos o corpo. Uma portaria sobre o tema deve ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias. Com o avanço da idade, a válvula aórtica pode tornar-se espessada e calcificada, determinando a redução na sua mobilidade e dificultando a ejeção e circulação do sangue.
A estenose aórtica evolui com o passar da idade. Estima-se que 5% da população mundial acima de 75 anos sejam portadores da doença. Com a longevidade, o impacto da estenose aórtica na saúde do brasileiro passou a ter grande importância. Em 2019, tínhamos mais de 30 milhões de idosos acima de 75 anos, o que indica mais de 1,5 milhão de portadores da doença no país atualmente. Em 2050, a expectativa é que esse número ultrapasse a casa dos 90 milhões segundo o IBGE.
“Estamos assistindo à evolução de uma doença cardíaca ainda desconhecida pela maioria das pessoas, mas que nas próximas décadas será tão popular quanto infarto”, explica o diretor científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Paulo Caramori. Há 20 ou 30 anos atrás pouco se falava sobre estenose aórtica. “As pessoas morriam mais cedo de doenças cardiovasculares e não tinham tempo de vida necessário para desenvolver a doença”, afirma.
Após o surgimento dos sintomas, a mortalidade em dois anos pode chegar a 50%. Os principais sintomas são falta de ar e dor no peito. De modo menos comum, podem ocorrer também crises de arritmia ou desmaios.
Não existem tratamentos medicamentosos para a estenose aórtica. Controlar os principais fatores de risco cardiovasculares pode retardar o surgimento da doença, embora não haja ainda evidências seguras sobre isso.
Cirurgia arriscada
Há pouco mais do que 10 anos, a única maneira de salvar a vida de um paciente com estenose aórtica era por meio de uma cirurgia extensa, longa e bastante arriscada, ainda mais se tratando de pacientes predominantemente idosos. Era necessário abrir o tórax e extrair a válvula aórtica totalmente calcificada e entupida.
Depois, substituía por uma nova válvula para que a circulação pudesse ser restabelecida. Além de altas taxas de complicações e intercorrências, a recuperação destes pacientes levava várias semanas e alguns destes pacientes não sobrevivem, motivo que desde então vem inquietando cardiologistas do mundo todo a encontrar uma forma mais segura e simples de resolver o problema. “Dependendo da fragilidade, em muitos casos, não se recomenda a cirurgia, ficando o paciente sem qualquer alternativa que pudesse ajudar na sobrevivência “, explica Caramori.
TAVI cria cenário mais positivo
A TAVI realiza de maneira mais simples e eficaz o mesmo procedimento que antes era alcançado apenas com cirurgia. Com maior segurança e índices de sucesso superior à técnica cirúrgica convencional, o procedimento hoje já está disponível em diversos centros de referência no país e tem o custo coberto pelos planos de saúde.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) vinha dialogando com o Ministério da Saúde para que a TAVI fosse incorporada pelo SUS. “As vantagens são muito favoráveis. O que se reduz em custo com hospitalização compensa o investimento na tecnologia. Finalmente fomos atendidos “, destaca Caramori. Após o procedimento, na maioria das vezes, o paciente passa algumas horas em observação e no mesmo dia ou no dia seguinte já está em casa.
A recuperação é imediata. Após a substituição da válvula entupida, o paciente rapidamente retoma à normalidade da circulação no local. “Trata-se de mais um grande passo rumo à uma longevidade ainda maior. Se boa parte dos brasileiros que atingiriam a média da expectativa de vida no país morreriam de Estenose Aórtica, hoje, estes mesmos pacientes podem viver mais 10, 20 anos. É um avanço importante “, conclui.
Fonte: Assessoria de Imprensa