Lorena tem quase cinco mil seguidores em seu perfil e os vídeos que ela posta são vistos por milhares de pessoas. Com bom humor, ela transformou a vida dela e a dificuldade de enfrentar a doença em um exemplo de perseverança e superação. Em um dos vídeos, ela abriu o coração para falar um problema de saúde. “Eu tenho uma doença e essa doença se chama doença de Crohn. É uma doença inflamatória intestinal que ataca, ela inflama todo o aparelho digestivo”, disse Lorena no vídeo.
Desde pequena Lorena sofria com dores e complicações no intestino, mas só aos 5 anos os médicos descobriram o que realmente ela tinha. Foram muitas tentativas de tratamento, mas em dez anos, ela só piorou.
A família já não sabia mais o que fazer, até que também por meio da internet, surgiu uma esperança. Lorena teve acesso à reportagem feita pela TV TEM, por meio do G1. A notícia que ela sempre sonhou escutar estava ali, a de um transplante para ajudar na cura. “Quando eu vi o transplante eu sabia que aquilo ia me melhorar, vendo todos os pacientes ficando bem. Era a chance de ter uma cura, ou pelo menos um descanso da doença”, afirma Lorena.
Os médicos que vinham fazendo o tratamento da Lorena entraram em contato com o médico de Rio Preto, que fez a cirurgia inédita no Brasil. Mas a equipe nunca tinha atendido um caso como o dela. “Quando recebemos a ligação, que foi passado o caso verbal, por telefone, a primeira impressão era que a gente não conseguiria fazer o transplante para ela, porque, tinham dois fatores que eram empecilho: primeiro a idade, que a gente não tinha feito nenhum caso abaixo de 18 anos e segundo ela ter uma bolsinha, ela é operada, ela já teve inflamações no intestino que quase que precisaram ser removido uma boa parte do intestino, ela quase que não tem mais o intestino grosso. Ela tem o intestino que funciona para fora e isso impedia a gente de fazer o transplante naquela época”, afirma o médico Roberto Luiz Kaiser.
Mesmo assim os médicos toparam o desafio. A Lorena e a mãe deixaram a região metropolitana de Porto Alegre (RS) e se mudaram para uma casa em Bady Bassit (SP), perto de Rio Preto. No canal que tem na internet, ela então montou o diário do transplante.
No canal ela também mostrou um dos momentos mais difíceis, como ter de raspar a cabeça. “Eu raspei meu cabelo porque estava caindo muito e eu achei melhor raspar, eu já estava preparada para isso, sabia que isso ia acontecer qualquer hora então eu estou super feliz assim”, disse Lorena no vídeo.
Mas a animação antes do transplante escondia também muito sofrimento. As dores eram intensas, a febre demorou baixar e o transplante chegou a ser adiado. Mas ela tinha tanta fé que daria certo, que o transplante foi feito pouco tempo depois. O procedimento foi um sucesso.
Para o transplante a Lorena precisou ficar internada um mês seguido, mas foram muitas idas e vindas para o hospital. Ela precisou ficar em isolamento no quarto para não ter problemas. Após a operação, Lorena já até recebeu visita no quarto. “A gente é muito grudada, unida. E ter que sair, deixar ela sozinha foi bem difícil. Até a gente se acostumar demorou dias, ela chorou, dia e noite. Aí eu fui, conversei com o pessoal para ver se eu podia ter um tempo a mais com ela. Aí liberaram”, diz a mãe, Patrícia Soares de Carvalho.
Lorena recebeu alta e já foi para casa. “Isso é o nosso presente, Lorena indo embora bem para casa, a gente fica muito feliz. Falar parece fácil, mas é muito difícil descrever nosso sentimento”, diz o médico que a operou.
Fonte: G1