O Conselho Nacional de Saúde (CNS) homenageou, nesta quarta-feira (15/12) durante a sua 327ª Reunião Ordinária, a pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus com a entrega da Comenda Zilda Arns 2020.
A cientista brasileira integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento foi de 15 dias. A sequenciação permitiu diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro do genoma identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China.
A cientista participou da reunião do CNS de forma remota. Atualmente, a pesquisadora está fazendo um estágio de pós-doutoramento no Reino Unido. A entrega simbólica foi feita por conselheiros, conselheiras, consultores e consultoras negros e negras que compõem o CNS.
“Esse reconhecimento e essa entrega simbólica, feita pelos meus irmãos pelos quais eu me reconheço, significa muito para mim. É com grande honra que eu recebo essa comenda que tem uma importância muito grande no contexto da saúde pública no Brasil. Recebo em nome de todos os cientistas brasileiros, que têm dedicado o tempo de forma incessante, não só ao combate a pandemia, mas pela valorização da nossa categoria”, afirma a pesquisadora.
Pesquisadora negra com grande representatividade na defesa da ciência, Jaqueline é doutora em Patologia Humana e Experimental, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e, atualmente, desenvolve pesquisas em nível de pós-doutorado no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (IMT/USP). Ela também integra o Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (Brazil-UK Centre for Arbovirus Discovery, Diagnosis, Genomics and Epidemiology).
“Sabemos que muitos são os obstáculos para alcançar este patamar e comigo, mulher negra, não foi diferente. Esta homenagem é um reconhecimento inestimável”, completa Jaqueline.
“Este ato é muito representativo, temos de valorizar o SUS enquanto sociedade, contra os ataques à ciência. Defender a ciência não é desvaloriizar os outros saberes. Só temos a agradecer por tudo que Jaqueline fez”, conclui a conselheira nacional de saúde Priscilla Viégas.
Entre os indicados para receber a comenda, estavam a ex-procuradora da República Débora Duprat, o padre Júlio Lancelloti, a médica Maria Inez Gadelha e a advogada Maria Lúcia (Movimento Social de Rua). Estes receberão um termo de reconhecimento pela defesa do SUS e dos direitos humanos, esforços que se intensificaram neste período de calamidade no Brasil.
Comenda Zilda Arns
A comenda Zilda Arns tem por objetivo reconhecer o mérito do trabalho de pessoas que tenham se dedicado ao processo de desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da garantia do direito humano à saúde. Em 2018, a entrega foi feita para o especialista em Saúde Pública Gilson Carvalho e em 2019 a homenagem do CNS foi para a liderança histórica dos povos indígenas Cacique Raoni.
Fonte: Ascom CNS.