Com a chegada do inverno, quem tem alguma dor crônica como artrite, artrose, fibromialgia ou enxaqueca sofre dobrado. É que o frio altera a sensibilidade do organismo e gera tensão muscular, contração dos vasos sanguíneos e reduz a lubrificação das articulações. Segundo a Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED) mais de 30% da população sentem alguma dor crônica no Brasil.
A advogada Renata Diniz, 44 anos, descobriu há quatro meses uma doença hereditária que gera dor crônica. Renata tem a Síndrome de Ehlers Danlos (SED), que afeta o tecido conjuntivo, principalmente a pele, as articulações e as paredes dos vasos sanguíneos.
O problema faz parte da lista de doenças raras e afeta uma em cada cinco mil pessoas e piora com o frio.
“A dor é horrível. Tudo que se possa usar para esquentar as mãos e o corpo eu tenho. Saio do banho e me visto na mesma hora. Coloco mais de uma meia no pé, cachecol e durmo sempre de pijama”, diz.
Renata participa de um grupo com mais de 200 pessoas nas redes sociais. Destas, 94 pessoas do DF foram diagnosticados com a síndrome que faz sentir dores crônicas em dias frios.
A fisiatra Angélle Jácomo, do Centro Especializado em Hipermobilidade e Dor (CEHD), explica que, com o frio, o corpo contrai a musculatura involuntariamente em busca de calor para regular a temperatura.
“O enrijecimento muscular por longos períodos facilita o início de processos inflamatórios nos músculos e nervos. Além disso, no inverno, os desconfortos também são maiores em virtude de as terminações nervosas ficarem mais sensíveis, intensificando qualquer dor”, diz a médica.
Enxaqueca
Quem sofre de enxaqueca, também pode ter o quadro agravado no inverno. O neurologista Welber Oliveira explica que isso acontece por causa da alteração de temperatura em função da chamada “vasoconstrição cerebral”, que é a redução do diâmetro dos vasos sanguíneos.
Quem sente dores crônicas, deve evitar choques térmicos, inclusive na alimentação. “Alimentos muito gelados também são gatilhos para dores de cabeça e devem ser evitados”, diz o neurologista.
“Ao escolher uma bebida mais quentinha para tomar neste inverno, prefira chás claros, com pouca cafeína. Um bom exemplo é o chá de camomila, que pode ajudar nas dores de cabeça”, aponta o médico.
Além de evitar choques térmicos, praticar exercícios físicos também ajuda a minimizar as dores. “O frio espanta muita gente das academias e parques, mas ao parar de praticar exercícios no inverno os músculos ficam enrijecidos, contribuindo para o aparecimento das dores”, explica a fisioterapeuta Fernanda Maria Rachid.
Segundo ela, praticar exercícios em piscina aquecida e coberta é ótimo para pacientes com dor crônica, incluindo a fibromialgia. Os alongamentos precisam ser feitos sob supervisão e orientação profissional, para não aumentar o risco de lesões e dores.
Curiosidade
Se por um lado há quem sinta dores crônicas, outros não sentem tanto frio nessa época do ano, quando as temperaturas estão ainda mais baixas, como de madrugada.
“Pessoas que têm mais camada gordurosa sentem menos frio e criam resistência, porque a gordura aquece. Pessoas mais musculosas suam mais. Quanto mais massa muscular hipertrofiada e gorduras, o frio não chega”, explica a fisiatra Angélle Jácomo.
Fonte: G1.