Nova classe de fármacos pode ser uma opção após a falha de medicamentos sintéticos ou biológicos
Durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia (CBR), realizado em setembro de 2018, uma novidade no tratamento da artrite reumatóide ganhou destaque nos painéis: os inibidores de JAK. O nome parece complicado, mas foi dado em homenagem ao deus romano Janus, que pela mitologia tinha poder sobre todos os começos. E assim que funciona este tipo de medicamento, agindo de forma inteligente, bloqueia a ação das substâncias envolvidas no processo inflamatório.
“Os inibidores de JAK representam uma nova estratégia desenvolvida para o tratamento da artrite reumatoide, inicialmente, mas que suas indicações estão sendo estudadas para outras doenças inflamatórias mediadas pelo sistema imune, como a artrite reumatoide, artrite psoriásica, lúpus, espondiloartrite e doença inflamatória intestinal”, esclarece Dr. Ricardo Xavier, médico reumatologista e chefe do serviço de reumatologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Vantagens
Os inibidores de JAK possuem diversas vantagens, entre elas: uso oral, com meia-vida curta, facilmente transportável, sem necessidade de refrigeração e com potencial superior aos medicamentos biológicos. De acordo com estudos realizados em pacientes do Serviço de Reumatologia do Hospital de Clínicas, os inibidores de JAK foram capazes de melhorar o quadro clínico já na primeira semana de uso.
“Observamos que a velocidade da resposta ao tratamento é igual a dos medicamentos que são injetáveis, o que nos surpreendeu bastante quando usamos pela primeira vez durante os estudos que participamos no centro de pesquisa, uma vez que as medicações orais tradicionais capazes de alterar o curso da artrite reumatoide têm um tempo de resposta bem maior, em geral de dois a três meses”, explicou o especialista.
Recomendações de uso
O assunto já faz parte das novas diretrizes de tratamento para artrite reumatoide emitidas pela Sociedade Brasileira de Reumatologia. Porém, ainda é necessário cautela: por ser um novo medicamento, não se têm dados de segurança de longo prazo (> 10 anos de uso, por exemplo). “Pela maior experiência com os biológicos, as recomendações dão preferência para o uso desses antes dos inibidores de JAK, mas, é claro que as preferências do paciente devem ser levadas em consideração também”, alertou Dr. Xavier.
Medicamentos já chegaram ao mercado
Até o momento, há apenas um medicamento dessa nova classe aprovado pelos órgãos reguladores no Brasil, o tofacitinibe, com o nome comercial de Xeljanz. Estão sendo feitos estudos com o baracitinibe, que deve ser aprovado em breve, e com o upadacitinibe, cuja previsão de aprovação gira em torno de um a dois anos.
O Ministério da Saúde já aprovou o tofacitinibe para ser distribuído pelo programa de medicamentos especiais do SUS, o processo de compra foi iniciado e deve estar disponível por meio das farmácias de alto custo até dezembro de 2018.