Indivíduos com imunocomprometimento ou imunodeficiência são aqueles cujo sistema imunológico não funciona adequadamente. Isso significa que o organismo dessas pessoas tem mais dificuldade para combater infecções, o que as torna mais sujeitas a contrair infecções mais graves.
Embora popularmente não se faça distinção entre os tipos de imunodeficiência, alguns especialistas estabelecem diferenças entre eles. Para estes, a imunodepressão é compreendida como uma diminuição da resposta imunitária provocada por certas doenças, como aids e câncer, ou medicamentos.
Já na imunossupressão também ocorre um comprometimento dessa resposta, mas de maneira intencional, feita com objetivos terapêuticos para tratar algumas condições por meio do uso de determinados medicamentos, como corticoides e drogas usadas para tratar doenças autoimunes (condições em que o sistema imunológico ataca as células do próprio corpo, como lúpus e artrite reumatoide).
Imunocomprometidos podem adquirir infecções com mais frequência ou demorar mais para curar-se, mas nem todos que adquirem infecções com regularidade são imunocomprometidos. Crianças, por exemplo, ficam resfriadas repetidamente sem que isso represente um problema de saúde.
Infecções frequentes em imunocomprometidos
No entanto, infecções bacterianas, pneumonias e outras infecções frequentes podem indicar problemas no sistema imunológico. Outros sinais apresentados por um indivíduo imunocomprometido podem ser:
- Manifesta doenças que em geral as outras pessoas combatem sem apresentar sintomas importantes;
- Desenvolve sintomas intensos devido a infecções que em geral provocam sintomas leves nas outras pessoas;
- Apresenta doenças com quadros prolongados, que demoram a passar;
- Tem uma tendência maior a desenvolver complicações do que os demais;
- Tem mais risco de desenvolver quadros infecciosos provocados pela reativação de vírus adquiridos no passado, como Epstein-Barr ou varicela-zoster;
- Não desenvolve anticorpos após tomar vacinas.
Embora pessoas com imunocomprometimento estejam mais suscetíveis a contrair infecções de todo tipo, a presença de determinadas doenças pode indicar imunocomprometimento. Entre elas:
- Pneumonia pneumocística (PPC);
- Infecções sintomáticas por citomegalovírus;
- Infecções fúngicas (histoplasmose, criptococose, coccidioidomicose);
- Infecções bacterianas frequentes;
- Infecções recorrentes ou prolongadas por herpes simples ou campylobacter, ciclosporíase e pneumonia.
Doenças que enfraquecem o sistema imunológico
De acordo com a Cleveland Clinic, renomado centro médico dos Estados Unidos, entre as doenças que mais frequentemente comprometem o sistema imunológico estão:
- Imunodeficiências primárias: imunodeficiências congênitas (a pessoa nasce com elas) que afetam o sistema imunológico;
- HIV;
- Câncer: leucemia, linfoma e mieloma múltiplo são os que mais afetam o sistema imunológico, mas outros cânceres também podem causar imunocomprometimento;
- Diabetes;
- Doenças autoimunes, como lúpus, diabetes tipo 1, artrite reumatoide, doença celíaca, psoríase, entre outras;
- Doença falciforme;
- Cirrose;
- Hepatites virais.
Pessoas sem baço ou sem a glândula timo também podem apresentar deficiência no sistema imunológico.
Tratamentos e medicamentos imunossupressores
Alguns tratamentos, como quimioterapia e radioterapia, podem enfraquecer o sistema imunológico. Outros suprimem o sistema imunológico intencionalmente, como no caso dos medicamentos utilizados para o transplante de medula óssea.
Muitas medicações para tratar doenças autoimunes enfraquecem o sistema imunológico para evitar que ele ataque as células saudáveis do próprio corpo. Entre elas estão medicamentos imunossupressores (reduzem a atividade do sistema imunológico) e imunomoduladores (mudam a forma como o sistema imunológico atua).
Tratamentos e medicamentos imunossupressores ou imunomoduladores incluem:
- Transplante de medula óssea e de órgãos sólidos;
- Radioterapia;
- Corticoesteroides (prednisona, prednisolona, dexametasona etc.);
- Azatioprina;
- Ciclosporina;
- Hidroxicloroquina;
- Leflunomida;
- Metotrexato;
- Sulfassalazina.
Como evitar infecções
Embora não seja possível evitar a maioria dos problemas que levam ao imunocomprometimento, é essencial que pessoas com imunocomprometidas evitem infecções, já que são mais suscetíveis a complicações. Veja como evitar infecções:
- Adote medidas preventivas. Lave as mãos com frequência, evite o contato com pessoas com doenças infectocontagiosas e pratique sexo seguro;
- Vacine-se. Tomar todas as vacinas recomendadas ajuda a reduzir o risco de certas infecções. Algumas vacinas têm recomendações específicas para imunocomprometidos. Converse com seu médico ou vá a um Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) fornece uma lista das vacinas recomendadas para pessoas com determinadas doenças, entre elas as autoimunes;
- Faça profilaxia pré e pós-infecção ao HIV e a outras infecções sexualmente transmissíveis, se você tem risco de se expor. A profilaxia pré-exposição (PrEP) e a profilaxia pós-exposição (PEP) ao HIV reduzem o risco de adquirir o vírus. Além disso, existe, também, profilaxia para outras infecções sexualmente transmissíveis. Converse com seu médico;
- Limite a exposição a infecções. Se possível, evite o contato com pessoas doentes e locais com aglomerações, em especial na época do aumento de casos de infecções respiratórias. Caso seja inevitável, use máscara nessas ocasiões;
- Converse sobre tratamentos preventivos com seu médico, ele pode receitar medicamentos para prevenir infecções fúngicas e bacterianas;
- Informe-se sobre o rastreamento de doenças infecciosas. Seu médico pode recomendar exames para rastrear infecções como HIV, hepatite, tuberculose e por fungos e parasitas.
Imunocomprometidos devem ficar atentos a sinais que podem indicar infecções e seguir o tratamento de doenças e condições que afetem o sistema imunológico com rigor.