O sono é essencial para a boa saúde e as necessidades individuais variam. No entanto, ter uma noite de sono tranquila tem se tornado raridade para muitas pessoas, principalmente após o início da pandemia de Covid-19. A insônia atinge mais de 40% da população brasileira, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), e a procura por medicamentos para ajudar a dormir vem aumentando, assim como as taxas de transtornos mentais.
O que é insônia?
A insônia é um distúrbio de sono que pode afetar o antes, o durante e o depois do momento de dormir. Isso porque causa dificuldades para adormecer ou para ter uma boa noite de sono. Então, quando a pessoa acorda, já se sente com mau humor e falta de energia.
De acordo com o psiquiatra e diretor clínico do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), Helder Gomes Nobre, a insônia e os transtornos mentais estão completamente relacionados. “Diversos transtornos mentais podem vir acompanhados de insônia. Os mais comuns na população são depressão e ansiedade, que são manifestações bem prevalentes”, afirma.
Além disso, há outros problemas de saúde que podem causar insônia, como apneia do sono, em que a pessoa apresenta dificuldades respiratórias durante a noite e não consegue ter um sono profundo e de qualidade, despertando de forma mais fácil e mantendo-se cansado durante o dia.
Principais riscos do uso de medicamentos
Sobre o uso de medicamentos para dormir, o psiquiatra ressalta que, se não houver indicação de um profissional especializado, são grandes as possibilidades de ocorrerem efeitos colaterais e dependência.
Somente um especialista pode avaliar o tipo de medicamento indicado, de acordo com o perfil do paciente, informando as doses necessárias e realizando o acompanhamento. “Existem inúmeros medicamentos para insônia e o profissional qualificado pode escolher justamente o mais indicado para cada pessoa baseado no perfil do sono, que pode ser uma insônia inicial, onde há uma dificuldade para começar a dormir; uma insônia intermediária, em que há dificuldade em manter o sono; ou uma insônia terminal, onde a pessoa acorda antes do horário e não consegue voltar a dormir”, explica.
Higiene do sono
Para o psiquiatra do HSM, unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), o mais importante é tentar realizar a higiene do sono antes de iniciar o uso de medicamentos. Existem algumas orientações para que as pessoas possam ter uma noite de sono com mais qualidade. Essas dicas devem ser aplicadas por todos, mas, principalmente, pelos que já têm dificuldades para dormir.
As orientações começam pelos horários regulares para deitar e levantar. “Desta forma, nosso ciclo circadiano, conhecido como relógio biológico, vai estar mais regularizado e usual com nossos horários habituais que devem ser mantidos nos fins de semana. Devemos evitar tirar cochilos durante o dia ou realizar pelo menor período possível; evitar uso de bebidas estimulantes próximo ao horário de dormir, como chá preto, café e refrigerante, e evitar uso de bebidas alcoólicas à noite, embora o álcool provoque um sono inicial – acaba propiciando uma superficialidade do sono –, fazendo muitas vezes que a pessoa desperte de forma mais rápida”, enfatiza Gomes.
Outras recomendações referem-se à alimentação, que deve ser mais leve no período noturno para que não haja desconforto gástrico. “É importante se alimentar, porém, de forma mais saudável antes de dormir, mantendo o ambiente silencioso e a temperatura agradável. Um dos grandes vilões acaba sendo o celular, pois as pessoas costumam dormir com o aparelho ao lado da cama e as notificações das redes sociais e a luz do celular são estimulantes que dificultam o sono. O ideal é tentar dormir com o celular mais distante e buscar ter um sono com mais qualidade. Medicamentos para insônia devem ser indicados quando as medidas de higiene do sono falharem, ou seja, quando eu já estou aplicando essas medidas e, mesmo assim, ainda tenho dificuldade para iniciar, manter ou finalizar o sono”, orienta o especialista.
Fonte: Secretária de Saúde do Ceará.