Pacientes de todo o país vêm sofrendo com a falta de medicamentos para tratar a Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), uma doença rara, grave e progressiva. Um dos medicamentos usados no tratamento da doença é a sildenafila, cuja compra e distribuição é de responsabilidade do Ministério da Saúde.
A HAP não tem cura, mas os medicamentos aumentam a sobrevida dos pacientes, e são de extrema importância para o tratamento, principalmente porque ajudam a controlar os sintomas, como falta de ar, fadiga, tontura e episódios de desmaio, que afetam diretamente a qualidade de vida e o dia a dia das pessoas.
A ABRAF (Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas) registrou reclamação na ouvidoria do SUS e solicitou informação sobre a compra da medicação via Lei de Acesso à Informação Pública no Ministério da Saúde. Além disso, a organização apresentou uma denúncia ao Ministério Público Federal.
Flávia Lima, presidente da ABRAF, afirma que não é a primeira vez este ano que há interrupção do fornecimento de sildenafila, utilizado como primeira linha de tratamento. “O desabastecimento de medicamentos para a hipertensão pulmonar tem sido constante, infelizmente. A hipertensão pulmonar é uma doença progressiva e potencialmente fatal e a interrupção do tratamento coloca a vida dos pacientes em risco”, afirma.
Segundo estudo “Vivendo com hipertensão pulmonar: a perspectiva dos pacientes”, realizado pela ABRAF em 2019, uma das principais preocupações dos pacientes está relacionada ao acesso à medicação. Eles relatam situações de muita burocracia, de falta de informação dentro da rede de saúde, de longo tempo de espera para começar o tratamento. E quando começam o tratamento, constantemente os medicamentos estão em falta. Para 50% dos entrevistados na pesquisa, o problema que mais os preocupa é a falta de medicação.
Aline Câmara mora em Campinas e faz tratamento para HAP desde 2011. Ela é acompanhada pelos médicos da Santa Casa da Misericórdia, em São Paulo. “Nesses 10 anos de tratamento, foram poucas às vezes em que fiquei sem remédio, porém isso tem se tornado um problema constante nos últimos anos”. Segundo ela, desde agosto a sildenafila está em falta na farmácia de Alto Custo de Campinas. “É um remédio essencial para meu tratamento e para o controle da doença, por isso é gravíssimo o atraso na compra desse medicamento. É dever do Ministério da Saúde garantir que os pacientes com doenças raras e graves tenham acesso ao tratamento, sem atrasos ou faltas, mas fica claro o descaso do Ministério com a vida dessa parte significativa da população. Eu, como todos pacientes com HAP, precisamos que a distribuição da sildenafila seja normalizada urgentemente, pois a falta desse remédio pode custar a nossa vida”.
A sildenafila é um medicamento de alto custo, fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São Paulo, Paraíba e Ceará foram as regiões mais afetadas até o momento.
Fonte: Assessoria de imprensa.