Existem vários tipos de dores com as quais o ser humano pode se deparar ao longo da vida, como ao receber uma queimadura, uma pancada, quebrar um osso ou devido a algum dano nos nervos, por exemplo. Mas e a dor de sensibilização, onde ela se encaixa? Para entender melhor do que se trata, conversamos com o Dr. Eduardo Paiva, reumatologista, professor da Universidade Federal do Paraná, e atualmente diretor científico da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
“A dor de sensibilização, também conhecida como dor de sensibilização central ou pelo termo técnico, dor nociplástica, acontece quando o sistema nervoso está íntegro, porém há uma alteração na percepção da dor. Isso pode ser devido a uma desregulação do sistema que transmite essa dor”, explica Dr. Paiva.
Como identificar esse quadro
Apesar de não existir um exame específico, a dor de sensibilização, pode ser diagnosticada por meio de testes físicos e laboratoriais, nos quais os resultados do paciente se mostram normais, porém ele ainda apresenta dor, especialmente ao toque e a pressão.
Além da dor em si, existem outros sintomas recorrentes que podem indicar esse quadro, como sono não reparador, cansaço, alteração de memória, alteração de humor, dor de barriga, dor na bexiga e dor de cabeça, destaca o reumatologista. “ A dor de sensibilização pode trazer bastante impacto no dia a dia, porque pode afetar várias áreas da vida do paciente, apesar do tratamento da doença reumática ser feito normalmente”.
Infelizmente, ainda não há dados concretos na literatura médica sobre os pacientes que possuem dor de sensibilização. Porém, Dr. Paiva acredita que entre 10 a 20% dos pacientes reumáticos podem desenvolver esse problema, com destaque para aqueles que possuem fibromialgia, caracterizada por uma dor difusa e generalizada
As opções de tratamento mais indicadas
O tema foi um dos destaques durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, o SBR 2019, realizado em Fortaleza, no Ceará. Durante o evento, Dr. Paiva ministrou uma aula sobre os tipos de dor e os tratamentos mais indicados para os reumatologistas presentes no evento.
No caso da dor de sensibilização ou dor nociplástica, a melhor opção de tratamento – ao contrário do que se pode pensar à primeira vista – é atividade física aeróbica. “Ao realizar essas atividades o sistema que percebe a dor tende a ser regulado”, explica o especialista.
O Dr. Paiva também indica terapia cognitiva comportamental, além de alguns outros tipos de terapia aos pacientes que apresentam esse quadro. Assim como investir na educação do paciente sobre os tipos de dor. Embora o tratamento farmacológico não seja a primeira opção no caso da dor de sensibilização, algum medicações podem ajudar a diminuir a sensibilização.