Cirurgiã-dentista explica os tipos de dor, os tipos mais comuns, complicações e relação com as doenças reumáticas
Durante o Webinário de Conscientização das Artrites, a Dra. Renata Fernandes juntou-se aos representantes das associações de pacientes responsáveis pela iniciativa do evento para falar a respeito da Dor Orofacial e da Disfunção Temporomandibular.
Para explicar o que é a Disfunção Temperomandibular a profissional primeiramente compartilhou o conceito de dor, já que essa disfunção normalmente se apresenta como dor. O conceito padronizado é que dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada ou semelhante a dano real ou potencial ao tecido ou descrita em tais termos. “Então vocês vêem que o conceito de dor é uma coisa muito abrangente. E vocês, pacientes reumáticos, entendem mais do que qualquer pessoa o que viria a ser a dor. Porque a grande maioria dos sintomas das doenças reumáticas vem como dor”, disse ela.
A cirurgiã-dentista informou que a dor orofacial são todas as dores que se manifestam na região da face, cabeça e pescoço. Podendo se apresentar de diversas formas, em diversas regiões e em qualquer estrutura do segmento facial. Incluindo os dentes. E quando um paciente já apresenta alguma doença com um quadro de dores sistêmicas, as demais dores se apresentam de forma mais intensa.
Por isso, ela acredita ser importante que os cirurgiões-dentistas, especialistas em dor orofacial, trabalhem em parceria com os demais médicos envolvidos no caso do paciente. Para desta forma conseguirem os melhores resultados possíveis no tratamento.
Disfunção Temporomandibular e seus sintomas
Um dos casos de dor orofacial mais comum é a DTM (Disfunção Temporomandibular). Ela é definida como um conjunto de distúrbios que envolvem os músculos mastigatórios, as articulações temporomandibulares (ATM) e as estruturas associadas, como a região da cabeça e pescoço. Pode acometer pessoas de todas as idades, mas tem prevalência maior em jovens adultos, como na maior parte das doenças reumáticas. E neste grupo, as mulheres são mais acometidas que os homens.
A profissional apresentou os principais sintomas da DTM. São eles:
- Dor; Ruídos Articulares (estalos ao abrir e fechar a boca ou crepitação, similar ao barulho de areia);
- E os bloqueios intermitentes, quando o paciente tem dificuldade em executar as funções básicas da região da mandíbula, como reter os alimentos.
A cirurgiã-dentista também explicou quais são os fatores que desencadeiam essa disfunção:
- As atividades parafuncionais, como o bruxismo (ato de apertar ou ranger os dentes);
- Morder canetas e objetos;
- Manter a mandíbula em posições que não seriam comuns;
- A hiperfrouxidão ligamentar, quando os ligamentos perdem a sua elasticidade, a sua fibra, sua consistência normal (ou quando o paciente apresenta hiperfrouxidão ligamentar generalizada, que é uma condição genética, causando frouxidão em todas as articulações do corpo);
- E alterações morfológicas que predispõe o paciente a ter DTM, algum são genéticas e outras podem ser provenientes de traumas.
Há duas classificações das DTMs, as de desordem dolorosas e as de desordens articulares. E em relação aos pacientes reumáticos, a profissional disse ser importante estar atento às dores miofasciais, artralgias e as alterações articulares que podem vir associadas às doenças reumáticas. Principalmente a doença articular degenerativa.
Muitos pacientes apresentam diminuição da amplitude de movimento devido a DTM Articular, que afeta a articulação da mandíbula. Isso acontece quando há redução do líquido sinovial e como consequência perda da lubrificação da região. É necessário fazer reposição de ácido hialurônico para devolver a lubrificação das articulações, informou a cirurgiã-dentista.
Diagnosticando a DTM e as relações com as doenças reumáticas
“Quando a gente pega um paciente com qualquer disfunção, ou suspeita de disfunção mandibular a gente tem que fazer um exame minucioso, tem que pegar, botar a mão no paciente, apalpar o paciente, auscultar a articulação, fazer os testes funcionais. Não é simplesmente pedir exame para o paciente que vou dar diagnóstico dessas disfunções. É preciso examinar a articulação mandibular, todos os músculos que constituem a musculatura mastigatória, todos os músculos de sustentação da cabeça e toda a região de musculatura pericraniana. Para poder ter certeza e proporcionar um diagnóstico assertivo, que vá favorecer ao tratamento”, afirmou a Dra. Renata.
Sobre a relação com as doenças reumáticas, a profissional afirmou que várias destas doenças podem acometer a articulação temporomandibular ou os músculos da face. Por exemplo, 1 a cada 6 pacientes com Artrite Reumatóide Juvenil apresentam desordem da articulação temporomandibular. E nesta faixa etária o comprometimento da articulação é maior que na fase adulta. A Dra. Renata ainda ressaltou que o tratamento ortodôntico é capaz de auxiliar o desenvolvimento e crescimento da face das crianças e adolescentes com Artrite Juvenil, desde que a doença esteja controlada. E caso a patologia não esteja controlada é possível ocorrer o efeito contrário e com isso, piorar o quadro do paciente.
E quando é preciso procurar o especialista em DTM e Dor Orofacial? Para responder essa questão a especialista apresentou 10 questões da academia americana de Dor Orofacial. São elas:
- Você tem dificuldade, dor ou ambas ao abrir a boca (bocejar)?
- Sua mandíbula fica presa, travada ou sai do lugar?
- Você tem dificuldade, dor ou ambas ao mastigar?
- Você percebe ruídos na ATM ao mastigar, falar, abrir a boca? Seu rosto/face ficam rígidos, apertados ou cansados regularmente?
- Você tem dor das orelhas, têmporas, rosto?
- Você tem dor na cabeça, no pescoço ou nuca com frequência?
- Você sofreu algum trauma/acidente recentemente?
- Você notou alguma alteração recente na sua mordida?
- Você está em tratamento odontológico para algum problema dental/facial?
Caso a resposta para qualquer uma dessas perguntas for sim, é hora de buscar o especialista, finalizou a cirurgiã-dentista.
Acompanhe a Dra. Renata Fernandes no Instagram e aprenda mais sobre a Dor Orofacial e Disfunção Temperomandibular @renatafernandesdtmedor