Existem várias causas para a temida dor nas costas: má postura; hérnia de disco; carregar coisas pesadas; e excesso de esforço físico. Porém, quando o problema é na região lombar, que piora à noite e melhora com atividades físicas, e que dura por mais de três meses, pode ser uma manifestação de uma doença reumatológica crônica, chamada de espondilite anquilosante.
Ela é uma doença que causa inflamação crônica nas articulações da coluna, que leva à rigidez e à falta de amplitude de movimento das vértebras, podendo causar ao longo do tempo sérias deficiências físicas, como a cifose (curvatura).
Esse problema também pode afetar outros órgãos, como olhos, levando a quadros de uveíte, e até o intestino, causando a colite. Outra característica da espondilite anquilosante é que costuma aparecer junto a outras patologias crônicas, como a psoríase e a artrite idiopática juvenil. Além disso, a condição pode afetar outras articulações importantes, como quadris e joelhos.
Segundo o neurocirurgião Iuri Weinmann, essa inflamação nas vértebras leva a um processo de fusão entre as estruturas articulares da coluna, chamado de anquilose. “As vértebras vão se fundindo umas às outras. Isso leva a perda gradativa do movimento das articulações, que, por sua vez, gera rigidez, perda da mobilidade e encurvamento da coluna, chamada de cifose, ou popularmente conhecida como corcunda”, esclarece o especialista.
Porém, como é uma doença que costuma afetar pessoas jovens, em especial os homens, a lombalgia pode passar despercebida. A espondilite anquilosante geralmente se manifesta dos 15 aos 30 anos. “O sintoma inicial é a dor lombar que surge à noite, se instala aos poucos e que, em vez de melhorar com o repouso, melhora com exercícios. Outro sintoma é a rigidez matinal. Como é uma doença de natureza insidiosa, ou seja, que surge e progride lentamente, é comum haver atraso no diagnóstico, que pode variar de oito a 10 anos”, diz o médico.
Causas multifatoriais
A forma como o problema surge ainda é desconhecida. Os especialistas acreditam que uma das causas seja a herança genética. Filhos de pais que têm a doença apresentam risco aumentado. Mas, há ainda fatores ambientais, como estresse, que podem ser gatilhos para desenvolver a doença.
Como a espondilite anquilosante é uma doença crônica, não tem cura. O tratamento visa manter a capacidade funcional e melhorar a qualidade de vida do paciente. Entre os principais objetivos está a redução da dor e da rigidez, bem como a preservação da função articular e a prevenção de deformidades.
“O que ocorre nesses pacientes é uma maior predisposição para ter fraturas na coluna e deformidades, que podem precisar de correção cirúrgica. Com o tempo, alguns pacientes desenvolvem a cifose”, diz Iuri Weinmann.
De qualquer forma, o diagnóstico precoce é essencial para evitar a progressão da doença. “Por isso, é preciso procurar um médico ao apresentar um quadro crônico de lombalgia, sem causa aparente. Quando há histórico familiar de outras doenças reumatológicas ou autoimunes, a atenção deve ser redobrada”, orienta o médico.