Conhecida por brasileiros como reumatismo, as doenças reumáticas representam um conjunto de diferentes doenças que afetam milhares de brasileiros. Por isso, pensando no próximo dia 30 de Outubro – dia nacional de luta contra o Reumatismo -, conversamos com profissionais para esclarecer sobre diagnóstico e tratamento deste tipo de doença.
Segundo a reumatologista Érica Vieira Serrano, o Reumatismo é um termo genérico que, na verdade, engloba mais de 100 tipos de doenças. São elas: doenças imunomediadas, como artrites auto imunes, colagenoses, vasculites, miosites; doenças ósseas, como osteoporose, doença de Paget; doenças metabólicas, como gota, pseudogota;
Além de doenças pediátricas, como febre reumática, artrite juvenil, lúpus juvenil; doenças degenerativas do sistema músculo esquelético, como osteoartrite, artopatia de Charcot; doenças crônicas, como fibromialgia, dor miofascial; e doenças raras, como sarcoidose, amiloidose, entre outras.
Em complemento, a professora e médica reumatologista Lívia Oliveira, explica que essas doenças têm a característica de envolver o sistema musculoesquelético (articulações, músculos, ossos, tendões, ligamentos, bursas…). Para ela, é importante lembrar que algumas dessas condições acometem também outros órgãos do corpo humano.
Os sintomas variam de acordo com cada doença, mas médicos reumatologistas relatam que a dor é o sintoma mais frequente relatado em consultas médicas. De acordo com Oliveira, apesar da dor ser o sintoma mais frequente e geralmente inicial desse grupo de doenças, algumas condições podem se iniciar com outros sinais e sintomas distintos, como lesões de pele, diarreia, inflamações nos olhos, anemia, dentre outros.
Serrano ressalta que alguns sintomas podem servir como alerta, como dor em pequenas articulações de mãos, inchaço nas articulações, rigidez matinal e em repouso, aftas orais recorrentes e lesões de pele recorrentes.
AFETA MAIS MULHERES
Apesar de milhares de brasileiros serem afetados por doenças reumáticas, as mulheres permanecem sendo o sexo mais registrado. Para Érica, a maioria das doenças reumáticas afetam, predominantemente, mulheres por influência dos estrogênios no sistema imunológico e na indução do processo inflamatório. Existem raras exceções, como a da espondilite anquilose, que é mais frequente em homens.
Para a médica, essas doenças podem afetar qualquer faixa etária, mas existem algumas que só ocorrem na infância e na adolescência, como a febre reumática. As doenças imunomediadas (como lúpus, artrite reumatoide, artrite psoriasica, espondilite e as vasculites), costumam afetar entre 20 e 50 anos. As doenças metabólicas e degenerativas – entre elas a osteoporose e a osteoartrite – afetam pessoas após os 55 anos.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
De acordo com a reumatologista Érica Serrano, o diagnóstico de doenças reumáticas depende de uma série de perguntas que o reumatologista faz em consulta, pois são doenças muito complexas. Devem ser realizados, ainda, exames físicos direcionados e detalhados, exames de laboratório e de imagem – que servem como complementação para o caso.
Para ela, outras necessitam de exames complementares, como o lúpus sistêmico – que precisa avaliar auto anticorpos no sangue e se está afetando órgãos internos, como os rins e o sangue –, e a artrite reumatoide – com exames relacionados a alguns anticorpos, provas inflamatórias e imagem de ultrassom ou raio X das mãos.
Já algumas doenças como a artrose de mãos, o lúpus cutâneo e a artrite psoriasica típica com psoríase ativa na pele são alguns casos que não necessitam de exames para o seu diagnóstico.
Em complemento ao que foi falado, a reumatologista Lívia Oliveira, explica que, o diagnóstico das doenças reumatológicas vai depender da história clínica, das características da dor descritas pelo paciente e do exame físico, associados aos exames complementares, como exames de sangue ou de imagem.
Para a professora da área, o tratamento vai depender da doença em questão, podendo incluir medicamentos, fisioterapia, exercícios físicos, dentre outros.
Para cada doença há um tratamento completamente diferente. Segundo Serrano, as doenças imunomediadas têm o tratamento com imunossupressores, corticoides, pulsoterapia e imunobiológicos; já as doenças ósseas, através do cálcio, vitamina D, antireabsortivos inibidores da perda óssea.
Além de tratamentos para doenças metabólicas, podem ser indicados medicamentos que atuam no ácido úrico; para doenças degenerativas do sistema músculo esquelético: exercício físico, perder peso e reabilitação e doenças crônicas, como a fibromialgia: medicamentos que atuam na serotonina, exercício físico, reabilitação.
FISIOTERAPIA CONTRA A DOR
O Fisioterapeuta, Gustavo Pizol, elucida que dentro das doenças reumáticas existem vários diagnósticos. Um diagnóstico muito comum é a osteoartrose do joelho e do quadril. Nesses casos, normalmente os pacientes acima dos 60 anos buscam ajuda na fisioterapia. Geralmente são pacientes sedentários e que além do sedentarismo, podem estar acima do peso.
Para ele, a fisioterapia é uma profissão com diversas possibilidades de intervenção. As diretrizes clínicas apontam que os tratamentos ativos são os mais recomendados, como o pilates, musculação terapêutica e a reabilitação funcional, todos irão focar na função do paciente e trabalhar para melhorar as queixas.
De acordo Pizol, a modalidade é a gosto do paciente, o que não pode faltar é uma boa avaliação do fisioterapeuta. O fisioterapeuta irá direcionar qual região do corpo deve ser melhor trabalhada além de educar o paciente sobre as disfunções que ele apresentar.
PROJETO GRATUITO
Em uma iniciativa para ajudar capixabas que precisam de tratamento para cuidar, tratar e prevenir distúrbios do sistema musculoesquelético, sejam eles crônicos ou agudos. Os professores da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo (UFES), que participam da disciplina de especialidade de traumato-ortopedia, voltada para este tratamento, criaram um projeto gratuito, chamado ‘Pilares Ar’, para ajudar homens e mulheres que sofrem de artrite reumatoide.
O projeto gratuito que foi criado por professores da UFES em 2018, conta com a ajuda de doze alunos do curso de fisioterapia. Segundo a fisioterapeuta, professora de traumato-ortopedia e coordenadora do Projeto, Fernanda Moura Vargas Dias, 42 anos, desde sua criação, o projeto atendeu mais de 260 mulheres, mas neste momento, atende um grupo de 30 pacientes por tele atendimento e outras 30 presencialmente.
“Os primeiros pacientes do projeto foram capixabas com artrite reumatoide, atendemos idosas com a doença e também sem diagnóstico. Este trabalho é um projeto de extensão e de pesquisa que nós fazemos. É uma prestação de serviço para comunidade e também uma forma para coletamos dados para publicação dos trabalhos científicos, para continuar tentando comprovar a eficácia do pilates para pacientes idosas e para pacientes com artrite reumatoide.” explicou a professora.
O projeto de pilates tem feito sucesso, e de acordo com a coordenadora do projeto, o atendimento deste ano foi esgotado. “Nós recebemos mais de 1.300 inscrições de pacientes querendo participar do projeto, então a gente não consegue chamar mais pacientes esse ano. São 60 vagas vagas por semestre, porque não temos apoio externo e nenhum financiamento.”
“Como somos só eu e os estudantes a gente não consegue aumentar muito o número de atendimentos e os atendimentos são gratuitos né? Então a gente não tem nenhuma conta financeira. Então, hoje a gente não consegue chamar mais pacientes. Porém, no próximo semestre, vamos pegar a lista novamente e realizar um novo sorteio para chamar mais pacientes”, completou a fisioterapeuta.
Fonte: Assessoria de Imprensa