De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 15 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de doença reumática, no Brasil. Além disso, segundo dados divulgados pela Previdência Social, a enfermidade é a ausa de 7,5% dos afastamentos e, aproximadamente, 6,2% das aposentadorias.
Em decorrência da doença, pacientes reumáticos tendem a desenvolver quadros clínicos mais graves de COVID-19. Isso porque, conforme divulgado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), pessoas com doenças reumáticas e em uso de imunossupressores ou imunobiológicos podem ter risco aumentado de contrair infecções. E, consequentemente, de desenvolvê-las de forma mais grave.
“Na vigência de sintomas sugestivos de contaminação pelo Sars-Cov-2, deverão buscar assistência médica. Recomenda-se primeiramente evitar exposição e manter os cuidados divulgados pelo Ministério da Saúde”, informa a entidade.
Por isso, Eduardo José do Rosário e Souza, doutor em reumatologia e coordenador do serviço de reumatologia da Santa Casa de Belo Horizonte, pontua que, durante a pandemia, os tratamentos devem ser mantidos, bem como o contato regular com os médicos, seja de forma presencial e/ou por meio da telemedicina, a fim de controlar a doença.
“É preciso se prevenir, cumprindo com o distanciamento, fazendo uso de máscaras e estabelecendo a higiene das mãos, haja vista que algumas doenças reumáticas e seus tratamentos comprometem o sistema de defesa do organismo. É essencial, também, ter cuidado com a saúde mental, resultado possível do isolamento”, diz.
O que é a doença reumática?
A doença reumática, conforme elucidado por Souza, afeta, caracteristicamente, as estruturas do aparelho locomotor, como articulações, tendões, ossos e músculos.
Existem cerca de 200 tipos diferentes da doença, algumas são comuns na população, por exemplo, a gota, a osteoartrite ou como é mais conhecida, artrose, e a artrite reumatoide.
Outras são mais raras, como a esclerose sistêmica ou esclerodermia, a síndrome de Sjögren, o lúpus eritematoso sistêmico e as vasculites sistêmicas.
O reumatologista destaca que alguns sintomas podem ser comuns a todos os tipos da doença, como dores nas articulações com ou sem sinais de inflamação e limitação do movimento.
Souza explica, ainda, que quando há envolvimento sistêmico, ou seja, de órgãos internos, como ocorre comumente nas manifestações mais raras da doença, o processo inflamatório pode acometer os pulmões, o coração, os rins, o cérebro e os olhos.
“O tratamento em linhas gerais, visa o controle da dor, preservar o movimento, evitar as deformidades, além de controlar a inflamação e a função dos órgãos internos nas doenças com acometimento sistêmico. Hábitos saudáveis, como não fumar, boa alimentação, boas horas de sono e praticar exercícios físicos, são essenciais.” – Eduardo José do Rosário e Souza, doutor em reumatologia e coordenador do serviço de reumatologia da Santa Casa de Belo Horizonte
“Pode-se comparar a um mosaico, já que quanto mais peças obtidas durante a investigação, mais completo será o diagnóstico. Mas, é preciso atenção, pois falsos positivos podem ser identificados”, elucida o doutor em reumatologia.
Tratamento
Souza pontua que o diagnóstico precoce das doenças reumáticas pode ser um aliado ao tratamento da doença. No entanto, o especialista frisa que é importante que este seja feito com cautela, visto que nos últimos anos têm crescido o número de sobrediagnósticos e tratamentos excessivos, direcionados a pessoas sem sintomas e risco de morte.
“O tratamento, em linhas gerais, visa o controle da dor, preservar o movimento, evitar as deformidades, além de controlar a inflamação e a função dos órgãos internos nas doenças com acometimento sistêmico. Hábitos saudáveis, como não fumar, boa alimentação, boas horas de sono e praticar exercícios físicos, são essenciais”, detalha.
Ainda, de acordo com o especialista, o acompanhamento do quadro clínico por fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, nutricionistas, psicólogos e educadores físicos, quando possíveis, podem ser cruciais para uma melhor resposta do organismo.
Em casos nos quais a doença não é tratada corretamente, o paciente pode apresentar complicações. Se a enfermidade for restrita as estruturas do aparelho locomotor, a principal consequência do não cuidado é a limitação do movimento e as dores crônicas, explica o especialista.
Já em quadros de doenças sistêmicas, o órgão gravemente acometido pelo processo inflamatório pode ter sua função prejudicada, ocasionando em insuficiência renal, cardíaca ou respiratória, a depender do caso.”
Fonte: Estado de Minas.