Dr. João Hollanda, ortopedista da seleção feminina de futebol, explica alguns cuidados essenciais para agilizar o tratamento
Principal causa de indicação cirúrgica entre atletas, a lesão no ligamento cruzado representa um dos maiores pesadelos entre jogadores de futebol e de outros esportes que exijam saltos, mudanças de direção e movimentos de giro (como basquete, handebol, tênis e esportes de inverno, por exemplo).
Entre as mulheres, o risco de sofrer o prejuízo é duas vezes maior do que nos homens, devido à fatores anatômicos, biomecânicos, funcionais e até mesmo hormonais – elas ficam mais suscetíveis na fase pré-ovulatória.
Tempos atrás, este tipo de machucado encerrou muitas carreiras promissoras ou já consolidadas. Hoje, porém, o cenário mudou. “Com a evolução das técnicas cirúrgicas, a possibilidade de retorno no mesmo nível de antes da lesão é bem maior”, afirma Dr. João Hollanda, ortopedista responsável por cuidar das atletas da seleção feminina de futebol .
Ele explica que, antigamente, o retorno aos gramados era realizado de forma precoce – em cinco ou seis meses depois da cirurgia. Entretanto, alguns médicos têm recomendado a volta tardia, em cerca de oito ou nove meses. “Estudos realizados por pesquisadores da Noruega e da cidade americana de Delawere demonstraram que, para cada mês de atraso no retorno ao futebol, o risco de uma nova lesão precoce foi reduzido em 50%, até os nove meses de cirurgia. Atrasar a volta mais do isso não demonstrou benefício extra”, apontou o médico.
O mesmo estudo indicou que seis meses depois da cirurgia, apenas 14% dos atletas obedeciam a todos os critérios para retorno ao futebol competitivo; porém, entre os atletas que retornaram de forma precoce, mas que já obedeciam a todos os critérios para retorno, não foi observado risco aumentado de nova lesão.
Dr. Hollanda listou cinco dicas para pessoas que estejam enfrentando problemas no ligamento cruzado ou que desejam evitá-lo. As indicações servem tanto para atletas de alta performance quanto para aqueles que praticam esportes com foco em saúde e bem-estar.
1 – Reequilibre a musculatura
A primeira estrutura que estabiliza o joelho não é o ligamento, mas sim a musculatura. Quando a musculatura falha, o ligamento passa a atuar. Caso a musculatura não esteja trabalhando da forma ideal, mais esforço será transmitido para os ligamentos, o que aumenta o risco de lesão. Por isso, reequilibrar a musculatura é essencial antes de se liberar o retorno ao futebol ou a qualquer outro esporte.
2 -Faça testes de força
Isso significa que o atleta precisa treinar corridas, acelerações e desacelerações, saltos e mudanças de direções. É preciso treinar dribles, chutes e outros movimentos para que se sinta confortável com os gestos esportivos necessários à prática, antes de encarar uma partida onde ele terá que dividir bola e fazer maior exigência sobre o ligamento. Isso, usualmente, envolve entre um e dois meses de treino específico.
3 – Invista em treinos físicos
A maioria das lesões do Ligamento Cruzado Anterior ocorre nos finais do primeiro ou segundo tempo, quando o jogador está cansado e a musculatura não mais responde de forma eficiente. Sendo assim, o jogador precisa estar bem fisicamente como um todo – e não apenas bem do joelho.
4 – Retorne de maneira progressiva
Volte, mas participando inicialmente apenas de parte do jogo, antes de partir para um jogo completo. Acostume seu corpo primeiro, para não sobrecarregá-lo.
Dr. Hollanda finaliza reforçando que o retorno esportivo erá permitido quando o paciente tiver um bom equilíbrio de força, em testes funcionais e quando questionários subjetivos específicos demonstrarem que o paciente tem confiança no joelho.
5 – Identifique desequilíbrios musculares
Desequilíbrios musculares ao redor do joelho, do quadril e do tronco dificultam o bom alinhamento corporal, deixando-o sob maior risco de lesão do ligamento cruzado. Dessa forma, identificar e tratar esses desequilíbrios já são um bom caminho para evitar este tipo de lesão.
Fonte: Assessoria de imprensa.