O termo ganhou destaque depois da chegada do coronavírus, especialmente por conta de possíveis complicações e aumento da gravidade dos casos, além da prioridade na hora da vacinação. Mas você sabe exatamente o que isso quer dizer? Comorbidade é uma palavra usada para indicar a existência de duas ou mais doenças ou condições de saúde simultaneamente no corpo.
Também chamadas de “multimorbidades”, “condições crônicas múltiplas” ou ainda “condições coexistentes”, geralmente, envolvem questões transitórias de longa duração, como o uso temporário de imunossupressores ou tratamentos de neoplasias; ou problemas crônicos, aqueles que não têm cura, mas são passíveis de controle.
Vale reforçar que o termo comorbidade não deve ser confundido com complicação ou agravamento. Uma complicação é um efeito colateral, sintoma ou disfunção que surge em decorrência de uma patologia, procedimento ou tratamento. Se manifesta e tende a passar após um período mais curto.
Uma condição comorbida pode associar doenças físicas e mentais, a exemplo de um câncer e um distúrbio depressivo ao mesmo tempo. Porém, não há limites na quantidade: é possível apresentar três, quatro ou mais questões simultaneamente – doenças que têm início juntas ou uma após a outra. Diabete e hipertensão são frequentemente multimorbidades, assim como transtorno de ansiedade e depressão. Para se ter ideia, de acordo com a National Alliance on Mental Illness (EUA) a estimativa é que quase 60% das pessoas com ansiedade também têm depressão e vice-versa.
E quando falamos da saúde cardiovascular, as condições coexistentes têm grande influencia e devem ser motivo de preocupação e atenção especial, principalmente para quem já chegou à terceira idade. Há muitas possibilidades diferentes quando se trata de comorbidades. Combinações que podem ser extremamente perigosas para nosso coração e vasos sanguíneos.
Combinações perigosas para o coração
Para ilustrar: um indivíduo com diabete que posteriormente é diagnosticado com depressão. A depressão é uma comorbidade. Ambas têm sintomas que afetam a qualidade de vida e a saúde em geral – e isso inclui o coração e os vasos. Portanto, ao consultar o médico por uma delas é fundamental mencionar a ocorrência outra, uma vez que os tratamentos devem acontecer juntos.
Ainda para citar exemplos, vamos trazer um caso comum entre os brasileiros: um paciente com insuficiência cardíaca que também convive com obesidade, colesterol alto, hipertensão, diabete ou estresse crônico. Nesse caso, teríamos comorbidades (uma ou mais) que somadas à insuficiência são fatores de complicação direta para a saúde cardiovascular. E aqui não podemos esquecer que cada uma das doenças tem sua própria lista de comorbidades. Ou seja, os possíveis danos se multiplicam.
O rol de possíveis doenças que, juntas, são verdadeiras ameaças ao coração é extenso. Entre elas, podemos mencionar também: transtornos pós-traumáticos, distúrbios de pânico, arritmias, miocardiopatias, valvopatias, cardiopatias, doenças da aorta, síndromes coronárias crônicas e eventos cardiovasculares, como o infarto. O abuso ou o vício de certas substâncias também é considerado comorbidade, como a dependência de drogas, álcool, cigarro e medicamentos – e da mesma forma têm interferência na integridade cardíaca.
O fato é que o coração depende do bom funcionamento do organismo como um todo para que possa se manter em pleno funcionamento. É dele a responsabilidade de bombear sangue em quantidade suficiente para suprir as necessidades do corpo. Na presença de multimorbidades pode ter seu desempenho comprometido e elevadas chances de complicações graves.
Existe uma explicação para a ocorrência de comorbidades?
Há muitas razões para explicar porque certas doenças tendem a ser comorbidas: fatores de risco em comum, no caso de uma elevar a probabilidade do desenvolvimento da outra ou ainda quando um dos distúrbios efetivamente causa outro.
A obesidade, por exemplo, é conhecida por predispor as pessoas a muitas multimorbidades. De acordo com a Obesity Medicine Association, existem mais de 230 problemas relacionados à condição, entre os quais incluem: diabete tipo 2, pressão arterial alta, dislipidemia (altos níveis de lipídios no sangue), distúrbios no sistema endócrino, apneia do sono, depressão e certos tipos de câncer, todos com interferência na saúde cardiovascular.
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Além disso, fatores como sexo, condições socioeconômicas e idade podem aumentar a probabilidade do surgimento de condições coexistentes. Nesse sentido, quando pensamos nos mais atingidos, os idosos estão no topo da lista. À medida que envelhecemos, aumentamos as chances de o organismo desenvolver problemas de saúde durante o processo. No entanto, que fique claro: isso não é coisa exclusiva de quem já chegou a uma idade avançada. Pessoas jovens também apresentam comorbidades.
Há como prevenir uma comorbidade?
Como vimos, algumas doenças comumente se sobrepõem. Sabendo disso é possível monitorar e agir antes que elas surjam ou se agravem. Especialmente para o coração, é fundamental cuidar e fazer o monitoramento das doenças ou fatores de risco. Em questões crônicas, como falamos acima, há tratamentos e formas de controle eficientes capazes de preservar a saúde e a qualidade de vida.
Realizar mudanças ou a manutenção de estilo de vida a fim de ter hábitos saudáveis, como parar de fumar, controlar o peso, manter uma dieta equilibrada e com pouco sal, reduzir o consumo de gorduras e de álcool e praticar exercícios físicos regularmente podem fazer muita diferença.
Por fim, devemos ter em mente que encontrar o tratamento correto para alguém com múltiplos problemas na maioria das situações requer avaliação e acompanhamento de profissionais de diferentes especialidades. Assim, exames e check-up regulares são outro ponto essencial quando o assunto são as comorbidades e a saúde do coração.
Fonte: Assessoria de imprensa/Instituto de longe vida de mag