Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres, e estima-se que até 2025 sejam diagnosticados 704 mil novos casos de câncer no Brasil. Uma preocupação que vem ganhando destaque sobre o assunto é como a doença pode afetar a capacidade reprodutiva das mulheres. Além de ser um grave risco à saúde, a doença pode causar implicações na fertilidade feminina, é o que explica a Dra. Marise Samama, médica e ginecologista especialista em patologia do trato genital inferior e colposcopia e em reprodução assistida da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil).
“O câncer de colo de útero, pode afetar de forma transitória ou permanente a fertilidade, isso porque o tratamento deste câncer, muitas vezes, pode causar um dano ao útero e até mesmo a necessidade de retirada do útero por conta do câncer de colo de útero,” destaca a dra. Marise.
O câncer de colo de útero se origina nas células do colo do útero e está frequentemente associado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), e o tratamento da doença pode incluir cirurgias, radioterapia e quimioterapia. Cada uma pode impactar a saúde reprodutiva, como por exemplo, cirurgias que envolvem a remoção de uma parte do colo do útero, podem preservar o útero, mas também podem levar a complicações na gravidez, como o parto prematuro, por exemplo. Já em alguns casos, é necessário a remoção total do útero, o que impede a possibilidade de uma gravidez futura.
“Do ponto de vista reprodutivo, foi observado em estudos recentes que mulheres infectadas com HPV tem 1,4 vezes mais chance de serem inférteis que mulheres não infectadas, sendo ainda um achado controverso em diferentes estudos. Um outro aspecto analisado é que o vírus infecta endométrio e células da granulosa, podendo afetar o desenvolvimento in vitro dos embriões, porém ainda sem comprovação sobre o efeito na taxa de nascidos vivos. Também foi demonstrado que homens inférteis tem maior prevalência de infecção por HPV no sêmen, podem comprometer a qualidade seminal e função reprodutiva, com maior incidência de aborto espontâneo,” comenta a médica e ginecologista da AMCR.
Identificação do HPV
Identificar o HPV é crucial para um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz, é o que explica a Dra. klissia Pires, médica Especialista em Reprodução Humana, “na maioria dos casos, a infecção pelo HPV é assintomática. O diagnóstico é feito por exames subsidiários como os testes de biologia molecular para detecção do vírus, o preventivo (colpocitologia oncótica), a colposcopia e a biópsia, quando necessário. Quando cursa com sintomas, o principal achado clínico são as verrugas genitais com aparência semelhante ao de uma couve-flor. As verrugas podem surgir na vulva, vagina, colo do útero, ânus e orofaringe. O HPV pode causar coceira, ardência ou manchas na região das verrugas.”
Importância da vacinação
Ainda segundo o INCA, com os avanços nos tratamentos e também por conta da detecção precoce do câncer, a taxa de sobrevida em cinco anos para o câncer de colo de útero está em torno de 66%. Porém, ainda assim, 25% das mulheres que passaram pelo tratamento enfrentam dificuldades para engravidar. Por isso, a Dra. Marise Samama, destaca a importância da vacinação contra o HPV, como uma atitude fundamental para reduzir a incidência da doença. “Para concluir, considerando os efeitos oncológicos e reprodutivos da infecção pelo vírus HPV no trato reprodutivo de homens e mulheres, a vacinação é sem dúvida nenhuma a melhor estratégia, somada a campanhas públicas de prevenção de ISTs e uso de preservativos,” finaliza a Dra. Marise.
A vacinação é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os 14 anos para meninas e até os 11 anos para meninos. No entanto, jovens e adultos até 26 anos podem se vacinar em clínicas particulares. Com a meta de aumentar a cobertura vacinal e proteger as novas gerações, é essencial que pais e responsáveis fiquem atentos ao calendário vacinal e incentivem a imunização de seus filhos.
“Existem 3 vacinas para o HPV, as mesmas são compostas por proteínas virais, porém sem capacidade de infecção. O objetivo é estimular o nosso sistema imune, a nossa memória imunológica”, explica a Dra. Zoila Isabel Medina De La Paz, especialista em Patologia do Trato Genital Inferior.
Fonte: Assessoria de Imprensa