O Brasil está entre as populações que menos ingerem cálcio do mundo. Este é o resultado de uma pesquisa realizada em diversos países pela International Osteoporosis Foundation (IOF).
Os resultados vão ser discutidos com a classe médica em São Paulo neste sábado (30), no IOF Tour Osteoporose, evento organizado pela Consumer Healthcare.
De acordo com os dados, os brasileiros acima de 20 anos, ingerem apenas 505 mg por dia, o que representa apenas 50% do ideal, que é de 1000 mg de cálcio por dia.
O Brasil está no mesmo nível de outros países da América Latina, como Argentina, Bolívia, Colômbia e Equador. Nestes países, o índice de consumo de cálcio varia de 400 mg/dia a 500 mg/dia de cálcio.
Das 74 nações cobertas pelo “Mapa do Cálcio”, como o estudo é chamado, a que mais consome o mineral é a Islândia, com 1233 mg/ dia. Já o Nepal aparece como a população com o menor índice de ingestão, com 175 mg/dia.
“Com o envelhecimento da população somado ao fato de se consumir pouco cálcio, muito em breve, teremos um cenário alarmante em todo o Brasil. Por isso, é importante que medidas de prevenção sejam tomadas agora. Só assim poderemos minimizar os efeitos a longo do prazo”, alerta o Dr. Cristiano Zerbini, representante da IOF no Brasil.
Cálcio evita a osteoporose
O consumo regular e suficiente de cálcio pode ajudar a evitar doenças como a osteoporose, mais comum em pessoas acima de 50 anos e em mulheres que estão na menopausa.
O reumatologista Charlles Heldan de Moura Castro, do Departamento de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo, considera o baixo consumo de cálcio preocupante.
“A ingestão deficitária de cálcio fragiliza os ossos e faz com que a pessoa esteja mais suscetível a fraturas. Nas pessoas com mais de 50 ou 60 anos, umas das mais temidas é a fratura de quadril. Pesquisas indicam que no período de um ano depois deste tipo de fratura, entre 20 e 30% dos pacientes morrem. Os que sobrevivem, perdem a independência porque não conseguem se recuperar totalmente”, alerta o médico.
De acordo com o especialista, o consumo de cálcio é fundamental em todas as idades. “Na infância e na adolescência o esqueleto está em formação, na idade adulta, ajuda a evitar a osteoporose”.
O esqueleto humano está em constante renovação e isso acontece por causa do cálcio, que contribui para a formação de novas células ósseas, que absorvem as áreas envelhecidas. Com o passar o tempo, esta produção diminui, o que faz com que os ossos se tornem mais fracos e o risco de fraturas aumente.
A osteoporose acontece quando existe uma perda acelerada de densidade óssea, o que deixa os ossos mais porosos e fracos.
Esta condição é comum em mulheres que entram na menopausa por causa da queda na produção de um hormônio chamado estrogênio, que também interfere na densidade óssea.
“Pesquisas indicam que no período de um ano depois [da fratura no quadril], entre 20 e 30% dos pacientes morrem”.
O estudo mostrou que as mulheres brasileiras com mais de 50 anos consomem, em média, 500mg de cálcio por dia, quando o ideal para suprir os efeitos da menopausa seria de 1.200mg.
O reumatologista explica que este consumo pode chegar a um nível adequado, desde que se crie o hábito de consumir mais leite e derivados, como o queijo e o iogurte.
“Alguns vegetais têm cálcio, mas a absorção por parte do organismo é pequena, o ideal é aumentar o consumo de leite e derivados. Em alguns casos, a suplementação pode ser indicada”.
O médico destaca que o leite UHT, mais consumido no país, possui a mesma quantidade de cálcio do leite em in natura. O tipo mais indicado, principalmente para os idosos que costumam ter problemas com o colesterol, é o desnatado, que possui menos gordura, mas mantém os mesmos índices de cálcio que o leite integral.
“Os intolerantes a lactose podem tomar o leite sem lactose, que também conserva os índices de cálcio”, explica Charlles Heldan.