Quando falamos de alguém que padece de Fibromialgia, a primeira pessoa que nos vem à cabeça é uma mulher madura. Na maior parte dos casos, é verdade. A Fibromialgia afeta sobretudo mulheres, a partir dos 40 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade ou gênero.
Apesar de parecer surpreendente para muitos, estudos demonstram que existe uma porcentagem de crianças e de pessoas muito jovens (com menos de 18 anos) que padecem de Fibromialgia ou de doenças similares.
O primeiro problema com o qual nos deparamos é o diagnóstico. Se já é difícil confirmá-lo em um adulto, mais difícil ainda é em uma criança.
Poucos médicos pensam em Fibromialgia quando avaliam uma criança com queixas de cansaço ou com dores musculares. A tendência é ir descartando doenças ou dizer que se trata de uma “virose”. Apesar do crescimento de estudos em crianças e jovens, esse número ainda é pequeno. Por esse motivo, embora saibamos que pelo menos 1 em cada 100 jovens possa ter Fibromialgia ou síndrome de fadiga crônica, essa informação ainda não é exata.
Causas
Os médicos não sabem o que causa a Fibromialgia, mas provavelmente envolve uma variedade de fatores agindo conjuntamente, podendo incluir:
- Genética ̶ Como a Fibromialgia tende a ocorrer em família, certas mutações genéticas podem favorecer o desenvolvimento do transtorno.
- Infecções ̶ Algumas doenças parecem desencadear ou agravar a Fibromialgia.
- Trauma físico ou emocional ̶ O transtorno de estresse pós-traumático tem sido associado à Fibromialgia.
Quantos jovens são afetados?
As estimativas sugerem que a Fibromialgia juvenil afeta de 2% a 6% das crianças em idade escolar, em sua maioria meninas adolescentes. É mais comumente diagnosticada entre as idades de 13 e 15 anos.
Sintomas
Os sintomas começam, às vezes, após trauma físico, cirurgia, infecção ou estresse psicológico significativo. Em outros casos, os sintomas gradualmente se acumulam ao longo do tempo sem um evento desencadeante.
Em crianças com Fibromialgia, os sintomas incluem:
Dor difusa generalizada ̶ A dor associada à Fibromialgia, muitas vezes, é descrita como uma dor surda constante, com duração de pelo menos três meses. Para ser considerada generalizada, a dor deve ocorrer em ambos os lados do corpo e acima e abaixo da cintura.
Dor de cabeça ̶ Dores de cabeça frequentes ocorrem na maioria dos pacientes com Fibromialgia.
Distúrbios do sono ̶ Apesar das queixas de fadiga severa, essas crianças muitas vezes levam uma hora ou mais para adormecer. Mesmo quando conseguem, muitos têm dificuldade em manter o sono e acordam durante a noite.
Fadiga ̶ Pessoas com Fibromialgia frequentemente despertam cansadas, mesmo que tenham dormido por longos períodos de tempo. O sono é frequentemente interrompido por dor, e muitos pacientes com Fibromialgia associam outros distúrbios como a síndrome das pernas inquietas e apneia do sono.
Outros problemas ̶ Muitas pessoas que têm Fibromialgia também podem sentir dor ou cólicas no abdome inferior, déficit cognitivo (descrito como sensação em um “nevoeiro”) e apresentar sintomas de depressão e ansiedade.
Tratamento
Tal como para os adultos não existe uma cura definitiva por enquanto, existem, sim, tratamentos que ajudam a aliviar os sintomas. Psicoterapia é indicada para que as crianças encarem a sua condição e entendam de onde vem a dor para melhor poderem lidar com ela. É considerada uma das mais eficazes em pessoas mais jovens.
Massagens e fisioterapia contra a dor devem ser feitas recorrendo-se a profissionais com experiência em Fibromialgia infantil, e nunca por pessoa que não seja habilitada.
Exercícios de baixa intensidade, moderados, ajudam as crianças a conviverem melhor com os sintomas da doença. Uma sessão de natação uma vez por semana pode fazer milagres.
Medicação é o método menos recomendado. Existem vários fármacos usados em adultos, que não estão comprovados como efetivos para aliviar os sintomas em crianças. Devem ser usados como último recurso.
Diagnóstico
O diagnóstico de Fibromialgia juvenil é feito clinicamente e é baseado em uma história de dor crônica generalizada e em sintomas associados (fadiga, distúrbios do sono, dor de cabeça e depressão), exame físico que demonstra a presença de pontos dolorosos e exclusão de outros diagnósticos, com testes laboratoriais normais.
Embora critérios do American College of Rheumatology para a Fibromialgia não tenham sido descritos especificamente para as crianças, eles são usados para diagnóstico em crianças e em adolescentes.