As doenças reumáticas podem afetar qualquer pessoa, mas são mais comuns entre as mulheres. Trata-se de mais de um grupo de mais de cem enfermidades que acometem o aparelho locomotor, isto é, ossos, cartilagens, articulações, músculos, ligamentos e tendões. Além disso, algumas dessas condições podem comprometer outras partes do corpo, como rins, pulmões, coração, intestino, olhos e pele.
Fatores genéticos, hormonais e ambientais explicam a predominância no sexo feminino. “A gente atende muito mais mulheres do que homens no consultório”, afirma a reumatologista Licia Mota, diretora científica da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).
Dor
Outras condições, como a fibromialgia, causam dores difusas e de intensidades variadas. O incômodo se manifesta em qualquer parte do corpo na forma de pontada, queimação, sensação de peso ou aperto. A pessoa pode ainda ter uma sensibilidade exagerada ao toque, em um quadro que os médicos chamam de alodínia. Já as espondiloartrites costumam causar desconforto nas costas, principalmente de manhã, quando a pessoa se levanta da cama.
Rigidez matinal
A rigidez é comum após o sono por causa do longo período de inatividade. “A pessoa acorda com uma sensação de travamento que pode levar mais de uma hora para melhorar”, diz a médica. Diferentemente da dor mecânica, na qual a pessoa sente um desconforto ao se movimentar, nesses casos, ao contrário, a pessoa até melhora quando se movimenta.
Fadiga
É comum que mulheres com doenças reumatológicas tenham sensação de fadiga desproporcional às atividades que exerceram ao longo do dia. Não é aquele cansaço natural decorrente de, por exemplo, um dia puxado no trabalho, uma noite mal dormida ou um esforço físico intenso.
“A fadiga é uma manifestação de doenças autoimunes e acompanha os quadros inflamatórios”, atesta Mota.
Distúrbios emocionais e sexuais
Alteração do humor, tristeza, desânimo, falta de motivação e ansiedade costumam vir com frequência em quadros autoimunes como lúpus e doença de Graves.
“As pessoas têm, muitas vezes, uma autoimagem corporal alterada. Pode ser por uma deformidade causada pela doença reumática, pela mudança ade humor ou pelo uso de medicamentos, como o corticoide, que aumenta o peso e pode causar estria e acne. As mulheres se enxergam de uma forma diferente e, com isso, têm uma queda de autoestima e de função sexual”, explica a médica.
Tratamento
O tratamento varia de acordo com cada doença, mas de forma geral reúne fármacos para controle da dor e da inflamação. No caso das enfermidades autoimunes, usam-se imunossupressores e, em cenários graves e agudos, corticoides.
Para todos os pacientes, a terapia não medicamentosa inclui dieta, controle de peso, psicoterapia, higiene do sono e prática de atividade física. “O exercício é um remédio que não vem na caixa. Mas a recomendação depende da capacidade de cada paciente e da atividade da doença”, diz Mota.
Diagnosticar os quadros o mais rapidamente possível é fundamental para o sucesso do tratamento.