Artrite idiopática juvenil é uma doença imunomediada, o que significa que ela acontece quando o sistema imune da pessoa por um erro ataca as próprias células e tecidos do próprio corpo.
Contudo, ainda não se sabe porque este mecanismo passa a ocorrer, estudos afirmam que o fator genético é um dos mais significativos para a manifestação da artrite idiopática juvenil, “Famílias em que as pessoas costumam ter doenças autoimunes, como tireoidite e doenças do coração, têm mais chance de desenvolver algum tipo de artrite idiopática juvenil, famílias em que há pessoas com histórico de câncer também apresentam maior predisposição genética”, alerta.
Não é doença de transmissão hereditária, isto é, que passa dos pais para os filhos, embora algumas famílias tenham maior tendência a ter doenças auto-imunes.
O reumatologista pediátrico Claudio Len explica que existem diferentes subtipos de artrite idiopática juvenil. “Os subtipos são definidos levando-se em consideração a região afetada e a quantidade de articulações inflamadas”, explica o especialista.
Oligoarticular: quando a artrite acomete até quatro articulações. É mais comum em meninas entre os quatro e cinco anos de idade. Atinge articulações grandes, como joelhos, tornozelos ou cotovelos. Também é comum afetar uma articulação específica em um lado do corpo apenas, e pode ser acompanhada de uveíte. Por isso é importante a realização periódica de exames oftalmológicos.
Poliarticular: com fator reumatoide positivo: acomete cinco ou mais articulações, nos primeiros seis meses da doença. Também é mais comum em meninas e pode atingir crianças no final da infância, início da adolescência. Ela envolve um maior risco de deformidades, dificuldade para andar e limitação nas atividades diárias.
Sistêmico: afeta o organismo por inteiro isso quer dizer que esse tipo de artrite atinge os órgãos internos e também as articulações das crianças. Inclui febre alta em picos de 39,5º C ou mais, erupção de brotoejas vermelhas ou claras, no peito e coxas, além disso, esse tipo de artrite pode causar inflamação da membrana que reveste o coração ou o pulmão, anemia e aumento de gânglios do fígado ou baço.
Artrite relacionada à entesite: pode afetar articulações e enteses, como a inserção no tendão de Aquiles; cerca de metade dos pacientes tem de 1 a 4 articulações acometidas pela doença. É mais comum em meninos e pode afetar a coluna, podendo evoluir para quadro semelhante a uma espondilite anquilosante, um outro tipo de inflamação das articulações.
Poliarticular com fator reumatoide negativo: pode evoluir para um quadro de artrite erosiva, causando deformidade das articulações.
Artrite psoriásica: da mesma forma que acontece com um adulto com artrite psoriásica, este tipo se caracteriza quando, além da artrite (inflamação nas articulações), a criança tem psoríase (doença de pele que se mostra através de lesões avermelhadas e descamativas em um ou mais lugares da pele e couro cabeludo).
Indiferenciada: é toda artrite idiopática juvenil (artrite crônica) que não cumpre todos os critérios para ser considerada uma das seis acima, ou cumpre dois ou mais critérios de mais de um tipo delas.
Os sintomas da artrite idiopática juvenil podem variar de acordo com o subtipo de artrite que a criança apresenta. Mas as principais manifestações são:
- Dor nas articulações.
- Mancar para andar (especialmente de manhã ou após uma soneca).
- Inchaço nas articulações (principalmente as grandes, como os joelhos).
- Articulações quentes, como se tivesse febre no local.
- Rigidez para se movimentar, principalmente de manhã ou após uma soneca.
- A criança pode parecer mais “desajeitada” ou “atrapalhada” do que o normal.
- Alguns tipos também podem apresentar: Erupções cutâneas (vermelhidão ou inflamação da pele) e febre.
O acompanhamento médico é fundamental para qualquer criança e adolescente, pois possibilita saber como está o desenvolvimento e a saúde do indivíduo.
No entanto, quando os pais percebem que o filho está se queixando de dores, articulações quentes e inchadas e dificuldade para se movimentar, a busca por orientação médica se torna ainda mais importante. Isso porque esses fatores podem ser um indicativo de que a criança pode ter artrite idiopática juvenil.
Muitos pais podem ficar confusos em relação ao inchaço nas articulações. O motivo é que o acúmulo de gordura em regiões como braços e pernas pode dificultar a visualização do inchaço, é importante observar o comportamento da criança e se atentar para os outros sintomas citados.
É importante ressaltar que quanto mais cedo os pais procurarem ajuda médica, mais rápido poderá ser feito o diagnóstico e o tratamento poderá ser iniciado.
Uma vez que ainda não se sabe o que causa a artrite idiopática juvenil, não é possível prevenir que o problema aconteça. Contudo, o diagnóstico precoce evita complicações e melhora as expectativas do tratamento.
Caros amigos leitores, esta Patologia terá um terceiro capítulo onde abordarei as terapias, os tratamentos e medicações, desde já agradeço a todos por acompanhar nossa coluna.
(*) O autor é Paulo Rogério Gianlorenço, graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.
Fonte: Agora São Carlos