Mesmo com ordem judicial, o aposentado Benedicto Ferreira Telles Neto, 64, está há dois meses sem ter acesso a medicamentos necessários para evitar a rejeição do novo rim, transplantado há cinco anos. Ele necessita de 120 cápsulas de micofenolato de sódio e outras 120 de tacrolimo mensalmente, mas a Farmácia de Alto Custo do Estado no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) informou o aposentado que os medicamentos estão em falta, e sem previsão de chegada.
Para comprar o medicamento, Telles precisaria desembolsar cerca R$ 2.500 por mês, valor maior do que o benefício que recebe. A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo foi procurada por e-mail e por telefone desde o início da manhã de ontem, mas não respondeu aos questionamentos.
O transplantado conta que descobriu o problema de insuficiência renal em 2009, ficou em coma e depois passou dois anos fazendo tratamento de hemodiálise. Em 2011, uma das irmãs de Telles fez exames, foi compatível e aceitou doar um rim ao aposentado. Até o mês de fevereiro ele teve acesso aos medicamentos de forma regular com o amparo de ordem judicial, mas, lembra, em março e abril recebeu apenas metade das cápsulas necessárias. Em maio a situação se normalizou, porém, em junho e julho ele deixou de receber. “Deu tanto trabalho para conseguir a cirurgia e agora corro riscos por falta de remédio”, lamenta.
Outros medicamentos
Os também aposentados João Américo Genezi Pellini,71, e Antonio Garolla Neto, 68, enfrentam as mesmas dificuldades para terem acesso a vários medicamentos através da Farmácia de Alto Custo do Estado. Ambos teriam o direito aos remédios por ordem judicial, mas estão há pelo menos sete meses sem dar continuidade aos tratamentos.
Pellini conta que recebeu os remédios regularmente por três anos, mas desde o ano passado começou a ter dificuldades para obter as cápsulas. O aposentado, que é diabético e já infartou, precisa tomar diariamente rosuvastatina e succinato de metoprolol, além de três injeções mensais de insulina victoza. Para arcar com tudo, calcula, a despesa seria de R$ 1 mil, valor que ele não tem. (L.P.)