O assunto foi tema de debate em evento em Fortaleza.
“O diagnóstico no tempo certo é essencial para o controle e até mesmo a remissão da doença”, declara Priscila Torres, que foi diagnosticada há 12 anos com artrite reumatoide e está em processo de remissão da enfermidade. A jornalista lembra que sentia fortes dores nas articulações até que um dia, ao acordar, não conseguia levantar da cama e nem se mexer, a sensação, segundo ela, era de que seus braços e pernas eram de vidro.
Priscila conta que já tinha recorrido a um ortopedista que havia dito que se tratava de uma tendinite, mas não conseguia se sentir melhor com os anti-inflamatórios receitados pelo médico, até apresentar esse quadro mais crítico e ser levada para uma unidade de pronto-socorro de um Hospital Universitário.
“Do início das minhas dores até o diagnóstico final foi um ano, mas no dia que tive um sintoma clássico da doença, que foi a rigidez matinal, dificuldade de andar e dificuldade de me vestir, com 24 horas já estava me consultando com um reumatologista, que é o profissional especialista para tratar da doença”, considerou.
Desde então, Priscila mudou completamente seu padrão de vida e está em fase de remissão da doença, ou seja, continua com artrite reumatoide, mas está livre de dor e incapacidade. Essa é uma realidade de 80% dos pacientes com a doença no país, é o que afirma o diretor científico da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Eduardo Paiva.
“Com o tratamento correto, 50% dos pacientes com artrite reumatoide conseguem a remissão ou atividade baixa da doença. Os medicamentos corretos levam a essas pessoas a oportunidade de levarem uma vida sem dores. Antigamente, a meta era conseguir com que os pacientes ficassem em uma situação confortável, mas isso não trazia o controle da progressão da doença”, destacou.
O reumatologista esclarece que, como toda doença musculoesquelética, a dor nas articulações é o principal sintoma da artrite reumatoide, que é chamada de dor inflamatória que causa dor matinal. Além disso, esse paciente vai sentir mais cansaço e esses sinais iniciais são importantes para diagnosticar a doença e iniciar o tratamento para prevenir o seu avanço.
Os debates e pesquisas caminham agora para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que se encontram na porcentagem dos 50% que ainda são resistentes ao tratamento da artrite reumatoide.
O tema, inclusive, está sendo amplamente debatido durante o 36º Congresso Brasileiro de Reumatologia, que segue até sábado (07), em Fortaleza, no Ceará, promovido pela SBR, em parceria com a Sociedade Cearense de Reumatologia (SCR), onde estão sendo apresentados os novos rumos e avanços em reumatologia, que compreende cerca de 120 doenças.
Doenças afetam 12 milhões de brasileiros
As doenças reumáticas podem acometer crianças, jovens, homens e mulheres e atingem, principalmente, as articulações. Atrite reumatoide, fibromialgia, lúpus, espondiloartrites, osteoartrite são algumas das condições mais conhecidas. Segundo dados do Ministério da Saúde, as doenças reumáticas afetam a vida de mais de 12 milhões de brasileiros.
“A maioria das doenças apresenta, como sinal, dor e inflamação nas articulações e pode impactar diferentes partes do nosso organismo, além das articulações – como olhos, boca, pele e sistema digestivo”, alerta José Roberto Provenza, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Fonte: Meio Norte