A artrose do joelho é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo, marcada pelo desgaste da cartilagem, tecido que reveste a extremidade dos ossos, inchaço e deformidades. A doença é responsável pela terceira maior causa de afastamento de trabalho no Brasil, atrás apenas das dores nas costas e da depressão. Segundo o Ministério da Saúde, a doença atinge, atualmente, 15 milhões de pessoas no país. No mundo, ela é a quarta enfermidade que mais reduz a qualidade de vida, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Apesar de ser considerada uma doença da Terceira idade, o crescente numero de casos entre atletas e praticantes de corrida de rua tem sido preocupante e tem despertado a atenção da ciência, levando a inúmeras pesquisas na área.
1. Quem está sujeito a isso?
Todos nos podemos ter artrose em algum momento de nossas vidas. Estudos indicam que a obesidade, sedentarismo e fraqueza muscular aumentam as chances de uma pessoa desenvolver a lesão.
2. Já fui submetido a cirurgias no joelho. Isso aumenta a chance de ter artrose?
Sim. Estatisticamente, quem já foi submetido a cirurgias como a reconstrução do ligamento cruzado anterior, posterior e, principalmente, após a retirada parcial ou total dos meniscos, nossos principais “amortecedores”, tem maior chance de desenvolver a artrose, mesmo que esta ocorra em apenas um ponto do joelho.
3. É verdade que as mulheres tem maior chance em ter a doença?
Sim. Devido a fatores anatômicos, onde a pelve mais larga o fêmur faz um ângulo maior que no homem na vertical (em média, 17º na mulher e 14º no homem). Isso faz com que haja uma distribuição anormal de peso, com maior tendência sobrecarga na região externa do joelho, principalmente na porção externa da patela. Alguns estudos mostram que mulheres atletas têm aproximadamente o dobro de propensão em comparação com os homens, e tratando-se de mulheres negras, essas têm o dobro de propensão à artrose no joelho em comparação com mulheres brancas
O joelho inchado (derrame articular) é o segundo sintoma e é muito frequente em pessoas que tem a doença e praticam esportes. Outro sintoma marcante é a perda progressiva do movimento e rigidez articular. Os efeitos da artrose no esporte vão desde queixas moderadas com inchaço e dores leves apos esporte `a incapacitação plena a atividades da vida diária.
5. Se eu para de correr, isso vai proteger meus joelhos?
Não. Com o passar dos anos, por motivos profissionais e familiares, muitas pessoas tornam-se menos ativas. Infelizmente, o sedentarismo leva a atrofia muscular, com perda da capacidade de absorção de energia cinética e redução da resposta neutro-motora dos movimentos com consequente sobrecarga articular e degeneração. Além disso, muitos estudos mostram que a corrida e outros esportes, quando praticados com moderação aumentam a secreção de enzimas aintininflamatorias no joelho, protegendo-o
6. Pratico esportes com regularidade. Isso acelera o desenvolvimento da artrose em meu joelho?
Esta é uma das questões mais intrigantes para a ciência e a resposta é depende!
Sabe-se hoje que os exercícios aeróbicos como a corrida, ciclismo e natação melhoram a saúde do coração e permitem que os músculos trabalhem de forma mais eficiente, protegendo os joelhos. Segundo a sociedade Americana de reumatologia recomenda 30 minutos por dia durante cinco dias por semana – ou seja, 2,5 horas por semana. Espera-se melhora de sintomas após aproximadamente seis a oito semanas de exercícios regulares.
No entanto, pessoas que praticam esporte sem a preparação previa, sem orientação e com volume e intensidade acima da capacidade fisiológica individual tem enorme risco de acelerarem a degradação cartilaginosa, com consequente artrose precoce.
7. Pratico corrida de rua. Tenho maior chance de desenvolver a doença em relação a outros esportes?
Recentemente, um estudo envolvendo 11 universidades francesas realizados com corredores mostraram que, quanto maior o volume do treino, maior a concentração sanguínea de produtos da degradação cartilaginosa, também chamados biomarcadores da cartilagem. Isso, Segundo os autores, indicaria uma maior propensão a degradação cartilaginosa e, talvez uma maior chance do desenvolvimento da doença entre corredores.
Um outro estudo realizado na Baylor College of Medicine do Texas constatou, entretanto, menor incidência de artrite nos corredores, independentemente da idade, sexo e tempo no esporte.
Tudo isso leva a crer que uma boa preparação física, volumes de treino adequados e respeito ao “recovery” induziriam a uma resposta biológica de proteção articular
8. A musculação protege meus joelhos para o desenvolvimento da artrose?
Assim como qualquer atividade física, a resposta também é: depende!
O que tenho visto cada vez mais em meu consultório é que muitas pessoas que ingressam em academias, principalmente aquelas que começam a treinar sem orientação de um profissional de educação física acabam desenvolvendo lesões por sobrecarga no joelho, muitas vezes graves.
Exercícios praticados fora da chamada angulação de proteção, com aumento da carga acima dos limites fisiológicos podem sobrecarregar a cartilagem e acelerar seu processo degenerativo.
A musculação, no entanto, sendo bem prescrita e praticada respeitando a resposta anabólica individual tem sido uma das melhores ferramentas para a proteção articular.
9. Como posso prevenir a doença?
Pessoalmente, considero o check up esportivo a melhor forma de se avaliar e prevenir o desenvolvimento da artrose. Testes funcionais e de equilíbrio muscular, como o discinético são, ao meu ver, de suma importância. Além disso, fatores como a anatomia individual, sobrepeso, historia familiar de artrose, esporte praticado tem que ser analisados e bem orientados.
Por fim, a criação de um canal de comunicação entre equipe de saúde e o profissional de educação física deve ser estabelecido para a prescrição do treino, respeitando a capacidade fisiológica individual.
10. Tenho artrose no joelho. Devo parar de praticar esportes?
Felizmente, graças aos recentes avanços em medicina esportiva, a resposta tem sido cada vez mais não!
Procedimentos como a infiltração do joelho com acido hialurônico parecem ter efeito benéfico sobre a cartilagem. Pesquisas publicadas nos últimos cinco anos publicadas em revistas científicas médicas mostraram efeitos como a redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pelo desencadeamento da cascata inflamatória que causa destruição articular da artrose, estímulo da produção do próprio acido hialurônico (endógeno), com melhoria da viscosidade do liquido sinovial e ação direta e receptores de dor articular causando analgesia prolongada .
Sua indicação varia de paciente a paciente e a composição do produto, pelo grau da artrose e é importante ter em mente nunca deve ser instituída como terapia única e sim sempre associada um boa reabilitação, seguida de fortalecimento e reequilíbrio muscular. Pessoalmente, considero o procedimento como adjuvante à reabilitação tradicional e NUNCA como monoterapia.
Para os casos mais avançados da doença, técnicas cirúrgicas como a osteotomia, artroscopia e, recentemente lançada no meio medico, a subcondroplastia tem tido excelentes resultados e, quando aliadas a uma boa reabilitação auxiliam em um retorno seguro ao esporte.